No Supremo Tribunal Federal (STF), o relacionamento entre os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux tem se mostrado forte, apesar das divergências em opiniões durante os julgamentos relacionados aos eventos de 8 de Janeiro. Embora seus posicionamentos possam ser distintos, sua amizade, cultuada através do jiu-jítsu, se mantém inabalável.
A conexão além do tribunal
Fux, que é faixa vermelha e branca no jiu-jítsu, e Moraes, um entusiasta de esportes como muay thai, compartilhavam momentos de treinamento em uma sala de ginástica nas instalações do STF. No entanto, este ano, as aulas foram interrompidas devido a conflitos nas agendas dos ministros, e eles não são mais vistos juntos nesta prática esportiva.
Divergências em julgamentos
A relação de amizade, porém, não impediu a expressão de divergências nos julgamentos. No caso que envolveu a análise da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, Fux se mostrou crítico em relação a alguns aspectos, principalmente no que diz respeito à colaboração premiada de Mauro Cid. Embora tenha votado contra a anulação dessa colaboração, Fux deixou claro que se reservava o direito de reavaliar o assunto em momento oportuno.
Questões sobre penas e imputação de crimes
A análise em torno das penas nos casos relacionados aos eventos de 8 de Janeiro também trouxe à tona novos desentendimentos. Os ministros debateram sobre os crimes imputados, como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado. Fux, em um momento anterior, expressou preocupações sobre a sobreposição de crimes e sugeriu que havia a possibilidade de um conflito aparente que poderia levar a um enquadramento legal mais abrangente, mesmo que isso pudesse permitir penas menores.
Medidas cautelares e contestação
Recentemente, Fux se opôs às medidas cautelares determinadas por Moraes, como o uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro. Para Fux, as restrições eram desproporcionais e careciam de provas concretas que justificassem tal imposição. Isso o torna o único dos ministros a discordar de Moraes neste aspecto, evidenciando ainda mais a diversidade de opiniões na Corte.
Limitações e contextos judiciais
As divergências não necessariamente levarão à absolvição dos réus, mas têm o potencial de influenciar as sentenças finais. Por exemplo, Fux já se posicionou a favor de penas mais brandas em casos passados, como no julgamento de uma mulher que pichou uma estátua da Justiça, onde sugeriu uma condenação muito inferior à pena que lhe foi imposta.
Uma amizade além das intrigas
Durante as análises dos casos, tanto Fux quanto Moraes se pronunciaram para desmentir rumores de que suas divergências judiciais induziriam à criação de rivalidades pessoais. Fux ressaltou que qualquer insinuação indicando que ele estaria em uma “frente” contra Moraes estava completamente errada. Dessa forma, os ministros reafirmaram seu respeito mútuo, enquanto abordavam as intrigas que, segundo eles, estariam tentando semear discórdia entre as figuras da Suprema Corte.
Moraes também se manifestou sobre o assunto, usando um tom humorístico ao sugerir que certos setores estavam interessados em transformar o STF em uma espécie de “revista Caras”, focando mais nas aparências e nas interações sociais dos ministros em detrimento de seus trabalhos jurídicos e decisões mais relevantes.
A amizade de Fux e Moraes mostra que, apesar de estarem em lados opostos em algumas questões jurídicas, o respeito e a camaradagem prevalecem, demonstrando que a convivência no ambiente judiciário pode ser enriquecedora, mesmo em tempos de tensão e debate acirrado. Assim, a relação entre esses dois ministros serve como um exemplo de que diferenças de opinião podem coexistir em um espaço de respeito mútuo.
Com a evolução das situações políticas e as potenciais novas controvérsias que podem surgir, será interessante observar como essa amizade e suas opiniões distintas continuarão a moldar a dinâmica do STF e seu papel fundamental na democracia brasileira.
