No último dia 28, o Tribunal do Júri do Piauí proferiu sentenças que refletem a gravidade da violência de gênero no estado. Dois homens foram condenados por crimes brutais contra mulheres, somando uma pena total de mais de 47 anos de prisão. Os casos, ocorridos em Valença do Piauí e Porto, evidenciam a urgência no combate ao feminicídio e à violência doméstica no Brasil.
Condenação em Valença do Piauí
No Fórum de Valença, Rogério Gomes de Sousa foi sentenciado a 36 anos e 9 meses de prisão em regime fechado. O crime, que chocou a comunidade, ocorreu em 9 de setembro de 2022. Rogério assassinou a ex-namorada, a adolescente Emily Hellen Alves Moura, de apenas 16 anos, na frente do filho do casal, que na época tinha apenas cinco meses. O ato violento se deu na residência da mãe da vítima, ocasionando não apenas a perda de uma jovem, mas também deixando um legado de trauma para a criança.
Após o crime, Rogério fugiu e ficou foragido por 15 dias, até ser capturado em Pouso Alegre, Minas Gerais. Este caso evidencia não apenas a brutalidade do ato, mas também a necessidade de um olhar atento às consequências que a violência de gênero pode ter nas famílias e na sociedade como um todo.
Tentativa de homicídio em Porto
Em Porto, Gabriel Devid da Silva Pereira recebeu uma pena de 11 anos de prisão por tentativa de homicídio qualificado pelo feminicídio de sua ex-companheira. O crime ocorreu em 8 de outubro de 2024, quando Gabriel desferiu cinco golpes de faca contra a jovem em frente à casa de sua família. A violência foi tamanha que a vítima precisou passar por duas cirurgias de emergência, ficando em risco de morte. Este caso é mais um exemplo da crescente preocupação com a segurança das mulheres em relacionamentos amorosos, onde muitas vezes se encontram em situações de extrema vulnerabilidade.
Reflexões sobre o feminicídio no Brasil
Os casos recentes de Valença e Porto não são isolados, mas parte de uma triste realidade que afeta milhares de mulheres em todo o país. O feminicídio, que é o assassinato de mulheres por razões de gênero, continua a ser uma questão alarmante no Brasil, exigindo atenção e ação efetiva das autoridades e da sociedade civil.
Dados do Atlas da Violência mostram que, em 2020, cerca de 1.350 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, um número que reflete a necessidade urgentíssima de políticas públicas eficazes que não apenas punam os agressores, mas também protejam as vítimas e promovam a educação sobre respeito e igualdade de gênero.
Engajamento da sociedade e das autoridades
É fundamental que a sociedade se mobilize para transformar essa realidade. Organizações não governamentais, coletivos de mulheres e movimentos sociais têm um papel crucial em denunciar a violência de gênero e exigir medidas mais rigorosas para proteção das mulheres. Além disso, investimentos em educação e conscientização sobre a importância do respeito mútuo nas relações afetivas devem ser uma prioridade.
A condenação de Rogério e Gabriel é um passo significativo na luta contra a impunidade, mas é apenas o começo. A transformação desse cenário exige um esforço coletivo de toda a sociedade, que deve se unir no combate à violência de gênero e na promoção dos direitos das mulheres.
Com a condenação destes dois homens, o Piauí reafirma a importância de levar a sério os crimes de feminicídio e de trabalhar para garantir a segurança e dignidade de todas as mulheres.
Exemplos de casos como esses devem ser tratados com seriedade e compaixão, lembrando que por trás de cada sentença há uma vida interrompida e famílias devastadas. É fundamental que a memória de Emily Hellen e de tantas outras mulheres não se perca e que a justiça seja sempre um pilar da sociedade.
