Um objeto interestelar em alta velocidade está atravessando nosso Sistema Solar e, de acordo com um estudo recente, tem liberado um metal incomum, diferente do que normalmente observamos em cometas naturais. O telescópio Very Large Telescope (VLT) localizado no Chile detectou uma pluma de níquel do objeto, conhecido como 3I/ATLAS, que se comporta de maneira intrigante ao emitir níquel sem a presença de ferro, uma característica típica de corpos celestes.
A anomalia do níquel sem ferro
Normalmente, cometas naturais emitem uma combinação de níquel e ferro, resultante de processos cósmicos, como explosões de supernova. No entanto, 3I/ATLAS se desvia desta norma, emitindo níquel em torno de cinco gramas por segundo, e cianeto a uma taxa de 20 gramas por segundo, conforme se aproxima do Sol. O físico de Harvard, Avi Loeb, que destacou essa anomalia em um novo estudo, levantou questionamentos sobre possíveis origens tecnológicas para o objeto.
“Esta anomalia é outra pista sobre uma possível origem tecnológica de 3I/ATLAS?”, questionou Loeb em um post de blog. O estudo sugere que a formação química ocorre através do canal do carbonilo de níquel, um processo extremamente raro em cometas, mas comum na refinaria industrial de níquel.
Processos de emissão incomuns
Os pesquisadores notaram que os processos responsáveis por essas emissões não são típicos do que encontramos em cometas naturais. Eles hipotetizam que o níquel pode estar sendo liberado a partir de poeira, através de processos suaves, como a radiação solar, que pode evaporá-lo ou quebrar compostos pequenos contendo níquel. Isto quebra as expectativas sobre a composição e comportamento do objeto.
O objeto interestelar 3I/ATLAS está liberando níquel sem ferro, uma anomalia que sugere processos industriais ou tecnológicos.
Natureza do objeto e suas características
Cometas tradicionais são geralmente ricos em água e lançam gases como água, monóxido de carbono e dióxido de carbono à medida que se aproximam do Sol. As observações recentes da NASA, feitas pelo telescópio SPHEREx e pelo Telescópio Espacial James Webb, mostraram que a pluma gasosa de 3I/ATLAS é dominada por dióxido de carbono, com apenas 5% de água. Isso indica que a maioria de sua luminosidade provém da nuvem de poeira ao seu redor, e não de seu núcleo sólido.
“Esses resultados corroboram as anomalias químicas implicadas pelas observações realizadas pelos telescópios SPHEREx e Webb, que são muito diferentes de um cometa rico em água”, afirmou Loeb. Além disso, ele mencionou a possibilidade de que o núcleo do objeto seja menor do que os 29 quilômetros de diâmetro anteriormente sugeridos, necessitando de uma coma densa de poeira para refletir quase toda a luz solar.
As observações do Telescópio James Webb mostram que 3I/ATLAS é menor do que se pensava inicialmente, medindo cerca de 2,7 quilômetros de comprimento.
Os debates sobre a origem de 3I/ATLAS
A identificação do 3I/ATLAS ocorreu em julho de 2025, quando foi detectado pela rede de telescópios ATLAS, que monitora objetos que podem atingir a Terra. A proposta de que 3I/ATLAS possa ser uma nave artificial de uma civilização extraterrestre tem recebido críticas de muitos cientistas. Chris Lintott, astrônomo da Universidade de Oxford, qualificou a teoria de Loeb como “absurda” e um “desprezo ao trabalho fascinante que está sendo feito para entender este objeto”.
Essa controvérsia ressalta a complexidade do objeto interestelar e a necessidade de mais investigações. À medida que novas descobertas surgem, o debate sobre a origem e a natureza deste corpo celeste intrigante continua a instigar tanto cientistas quanto entusiastas do espaço.
