A recente turbulência na Centers for Disease Control and Prevention (CDC) tem gerado preocupações crescentes sobre a saúde pública nos Estados Unidos. Após a tentativa do governo Trump de demitir e pressionar vários oficiais seniores da organização, membros da equipe da CDC demonstraram seu apoio a esses líderes que estão deixando a instituição, organizando um evento simbólico de “aplausos” em Atlanta.
A realidade caótica da CDC
A situação na CDC, uma respeitada agência de saúde pública, atingiu um ponto crítico. Na quarta-feira, 27 de agosto, o Washington Post revelou que a diretora Susan Monarez estava sendo demitida apenas quatro semanas após assumir o cargo. A notícia foi confirmada pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), que anunciou a saída da diretora em uma publicação em sua conta no X (antigo Twitter).
Nos momentos seguintes, quatro importantes integrantes da equipe, incluindo a médica chefe da CDC, Debra Houry, entregaram suas cartas de demissão. Algumas delas foram tornadas públicas, incluindo a de Demetre Daskalakis, diretor do Centro Nacional para Imunização e Doenças Respiratórias.
Em seu comunicado, Daskalakis afirmou que não conseguia “servir em um ambiente que tratava a CDC como uma ferramenta para gerar políticas e materiais que não refletiam a realidade científica e que eram projetados para prejudicar, em vez de melhorar a saúde pública”. Ele mencionou especificamente a decisão do governo em purgar membros do painel consultivo de vacinas da CDC e a retirada do endosse das vacinas contra a COVID-19 para crianças saudáveis e gestantes.
Um momento decisivo na indústria da saúde pública
A demissão rápida e caótica de Monarez e outros membros seniores gerou um clamor nas redes sociais e entre profissionais de saúde. Durante a reunião simbólica de apoio, Houry declarou que sua demissão e a de seus colegas foi coordenada para chamar a atenção para a desconfiguração da CDC. “Chegamos ao ponto de ruptura e sabíamos que seria uma declaração poderosa fazer isso juntos”, destacou.
O evento também se deu em um clima de incerteza sobre a verdadeira natureza da saída de Monarez. Advogados que a representam alegaram que, apesar do anúncio do HHS, ela não havia sido demitida e poderia ser afastada apenas pelo presidente Trump. Eles afirmaram ainda que Monarez enfrentou pressão para demitir vários funcionários, os quais haviam assumido a responsabilidade pela saída coletiva.
O impacto no sistema de saúde público
A tumultuada administração da CDC, que já enfrentava cortes massivos de empregos e financiamento, também foi marcada por uma diminuição na operação de programas cruciais. Recentemente, a NBC News informou que o programa de vigilância de doenças transmitidas por alimentos havia reduzido sua monitorização apenas a dois entre os oito patógenos previamente acompanhados.
As críticas ao HHS aumentaram com a nomeação de RFK Jr., um conhecido cético em relação às vacinas, como seu novo líder. Desde que assumiu, ele prometeu focar em teorias conspiratórias e limitar ainda mais o acesso a vacinas seguras, em resposta à crescente pressão do movimento antivacinas.
Um futuro incerto para a saúde pública
Com a saída de líderes experientes da CDC, a agência enfrenta um futuro incerto. Funcionários que participaram do evento de “aplausos” expressaram sua preocupação com as diretrizes políticas que agora estão moldando as operações da CDC. A elevação desse tipo de politicagem em uma instituição dedicada à saúde pública preocupa não só os membros da CDC, mas também os cidadãos que dependem de informações precisas e confiáveis sobre saúde.
A frequência dos eventos e a pressão política deixam claro que a missão da CDC está em risco, e muitos se perguntam se a saúde pública nos EUA atingiu seu ponto mais baixo. As consequências dessa crise afetarão milhões de pessoas e têm a capacidade de desestabilizar a confiança na organização que é vital para a saúde pública nos Estados Unidos.
