Na quarta-feira, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair se reuniu com o presidente dos EUA, Donald Trump, para discutir um “plano abrangente” para o futuro de Gaza. O encontro ocorreu após as declarações do líder americano, que sugeriu transformar a região em uma “riviera do Oriente Médio”. A colaboração entre Blair e Trump, envolvendo o genro do presidente, Jared Kushner, visa a reconstrução de Gaza, devastada por conflitos, e transformá-la em um moderno centro comercial e destino turístico.
Expectativas para Gaza
A reunião na Casa Branca acontece em um momento delicado, com o Reino Unido se preparando para seguir os passos da França em reconhecer um estado palestino na ONU no próximo mês, caso Israel não atenda a certas exigências, incluindo um cessar-fogo. As chances disso ocorrer parecem remotas, uma vez que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, anunciou planos para um ataque militar com o objetivo de “limpar” o Hamas da Cidade de Gaza.
Um funcionário da Casa Branca afirmou que “todos os aspectos” da situação de Gaza foram discutidos nas conversas envolvendo Blair, Kushner e outros oficiais seniores, incluindo a crise de reféns e o aumento da ajuda humanitária para Gaza, onde a ONU declarou estado de fome na semana passada.
O papel de Tony Blair na mediação
Aos 72 anos, Blair possui um longo histórico de envolvimento na questão do Oriente Médio, tendo atuado como enviado especial do Quarteto para o Oriente Médio – uma coalizão que inclui a ONU, a União Europeia, os EUA e a Rússia – de 2007 a 2015. Ele se mantém em contato com Steve Witkoff, o enviado de Trump, e segundo fontes, participou da Casa Branca no mesmo dia em que Netanyahu se encontrou com Trump, onde teve a oportunidade de indicar o presidente para o Prêmio Nobel da Paz.
Desenvolvimentos recentes sobre Gaza
O Instituto Tony Blair (TBI) afirmou que mantém diálogos com vários grupos e organizações sobre planos pós-guerra para Gaza, mas não endossa qualquer proposta de realocar os habitantes da região. A organização enfatizou que desde sua criação, o trabalho do TBI é voltado para a construção de um futuro melhor para os gazanos, um princípio que Blair tem defendido desde que deixou o cargo.
Em outubro do ano passado, Blair declarou ao Politico que nem Israel nem o Hamas deveriam governar Gaza, mas sim uma autoridade de terceira parte, como parte de um acordo de paz. Netanyahu, por sua vez, também defendeu a criação de uma autoridade civil em Gaza, mas rejeitou qualquer envolvimento do Hamas ou da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia.
No início do ano, Trump sugeriu a ideia de os EUA assumirem a posse de Gaza e criarem um resort à beira-mar, o que gerou críticas por suas considerações sobre a remoção de residentes palestinos. Witkoff, em uma entrevista à Fox News, revelou planos para a reunião sobre Gaza, expressando otimismo sobre um desfecho para o conflito até o fim do ano.
“Estamos montando um plano muito abrangente para o dia seguinte [em Gaza], e muitas pessoas verão quão robusto e bem-intencionado ele é e como reflete os motivos humanitários do presidente Trump”, disse Witkoff. Na segunda-feira, Trump comentou que poderia haver uma “solução conclusiva” para Gaza nas próximas duas a três semanas, embora tenha recuado durante uma reunião de gabinete, enfatizando a complexidade do conflito, que dura há milênios.
Reações e próximos passos
O porta-voz da Casa Branca, ao ser questionado sobre a reunião com Blair, reiterou que o presidente Trump deseja o fim da guerra e a paz duradoura para todos na região, mas não ofereceu mais detalhes sobre as discussões. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, ao ser questionado sobre um possível estado palestino, deixou claro que não haverá nenhum após sua reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em Washington.
Enquanto isso, as condições de vida na Gaza continuam a se deteriorar, com imagens de crianças recebendo alimentos em meio à crise humanitária reforçando a urgência de uma ação eficaz e a necessidade de um plano que garanta a paz na região.