O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou nesta terça-feira (26) de um congresso estadual de prefeitos, na Arena Pacaembu, em São Paulo, onde enfrentou um teste de fogo. Apesar de declarações que indicam “unanimidade” em torno de sua figura no interior do estado, muitos prefeitos expressam insatisfação com o nível de apoio recebido em comparação a gestões anteriores.
Problemas nas transferências de recursos
De acordo com informações do jornal O Globo, um dos principais problemas identificados é a demora na transferência de recursos para parcerias e convênios, especialmente para pequenas obras. Além disso, um ultimato dado em relação a dívidas de estâncias turísticas impediu novos repasses. Em 2023, o governo Tarcísio destinou R$ 1,4 bilhão em investimentos descentralizados, com expectativa de aumento para R$ 1,6 bilhão em 2024, conforme as dotações atuais.
Em contrapartida, a gestão anterior, sob João Doria e Rodrigo Garcia, teve uma liberação de recursos menor nos primeiros anos, mas o investimento disparou no último ano eleitoral, atingindo R$ 3,8 bilhões. Essa mudança no faturamento desperta reações entre os prefeitos que merecem mais atenção, evidenciando uma comparação desfavorável com a atual administração. Gilberto Kassab, secretário de governo e mediador do evento, buscou, em seu papel, causar apoio a Tarcísio, pedindo aplausos a ele no palco.
Novidades anunciadas durante o congresso
No mesmo evento, Tarcísio fez anúncios relevantes como a expansão do programa “Tabela SUS Paulista”, que aumentará a remuneração de procedimentos realizados em hospitais municipais de 74 cidades. O governador também informou a entrega de 300 máquinas e equipamentos para a manutenção de estradas rurais e 200 ambulâncias e vans para o transporte de pacientes.
— As portas estão abertas para vocês, e isso não depende do tamanho do município ou da quantidade de eleitores — declarou Tarcísio, sinalizando um compromisso com a coletividade.
Reações ao governo e perplexidades em relação aos repasses
Contudo, segundo o governo, as críticas à gestão não refletem o total dos investimentos revertidos aos municípios. De janeiro de 2019 a junho deste ano, foram repassados R$ 15,9 bilhões, com crescimento de 42% e 163% em relação a governos anteriores. Apesar disso, prefeitos da base aliada relataram dificuldades financeiras e um tratamento desigual na distribuição de recursos. No Vale do Ribeira, regionais pobres do estado, a situação é crítica, e alguns gestores revelaram sua insatisfação sem identificação para evitar retaliações.
O governo planejou repassar R$ 492 milhões a projetos de 70 municípios classificados como Estâncias Turísticas e R$ 123 milhões para outros municípios de interesse turístico, mas, até agora, nada foi liberado para novos convênios. O secretário de Turismo, Roberto de Lucena, não comentou sobre o atraso na assinatura dos convênios, limitando-se a garantir que os prazos estão sendo seguidos.
Preocupações em relação ao engajamento
Enquanto o governador procurou enfatizar a normalidade nas relações com as prefeituras, as críticas aumentam. Prefeitos alegam que as promessas de Tarcísio esbarram na falta de ações efetivas, particularmente nas áreas de saúde e das estâncias turísticas. Um prefeito mencionou que a resolução das pendências na saúde é essencial para o futuro da sua gestão diante das próximas eleições, uma vez que muitas gestões podem não se reeleger se a insatisfação persistir.
Um retrato da atual situação são as críticas que deputados aliados também fazem sobre o governo, referindo-se à necessidade de mais atenção aos pleitos dos prefeitos. Essa situação contrasta com a crescente pressão da oposição, especialmente do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), que utiliza a insatisfação municipal como munição política contra Tarcísio.
Diante desse cenário, prefeitos aproveitarão o 67º Congresso Estadual de Municípios, que ocorre até esta quarta-feira (28), para reivindicar apoio do governador, incluindo a aprovação da reforma do pacto federativo que busca aumentar os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Fred Guidoni, presidente da Associação Paulista de Municípios, frisou a importância da movimentação para garantir um mínimo de 30% do FPM, buscando evitar que os prefeitos vivam às custas de favores e emendas.
Em suma, Tarcísio de Freitas enfrenta um desafio imenso em sua gestão: reconquistar a confiança de prefeitos que se sentem abandonados e pressioná-los com a execução de investimentos essenciais para a população. Enquanto ele trabalha para estreitar as relações no interior do estado, as demandas e queixas devem ser abordadas de forma significativa para manter a unidade em torno de sua administração e seus ambiciosos planos de reeleição.