Brasil, 28 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Sinais de desaquecimento da economia brasileira se intensificam

A desaceleração da criação de empregos e o aumento da inadimplência revelam o impacto da alta de juros na economia do Brasil

A economia brasileira mostra os primeiros sinais de desaceleração na segunda metade do ano, refletindo o impacto da alta taxa básica de juros — atualmente em 15% ao ano — mantida nos últimos meses. Dados recentes indicam queda na criação de empregos formais e recordes de inadimplência, sinalizando um arrefecimento da atividade econômica.

Mercado de trabalho em retração e pior julho desde 2020

Segundo o Cadastro Geral de Empregos e Desemprego (Caged), em julho foram abertas 129.775 vagas formais, uma redução de 32% em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo havia atingido 191.373 empregos. Este é o pior resultado para julho desde 2020, período ainda afetado pelos efeitos iniciais da pandemia de Covid-19. Como destacou o economista Flávio Serrano, do banco BMG, trata-se do sinal mais claro de desaceleração na atividade, especialmente no mercado de trabalho.

Apesar dos números positivos, o saldo de empregos mostra uma perda de força, reflexo do aumento dos juros e das incertezas econômicas, incluindo a disputa tarifária entre Estados Unidos e União Europeia. A subsecretária de Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Paula Montagner, afirmou que a desaceleração na geração de vagas é consequência do aumento dos juros, que diminui a atividade empresarial, e das tarifas adicionais nas exportações.

Inadimplência em patamares recordes e desaceleração do crédito

O aumento na inadimplência também reforça a tendência de arrefecimento. Segundo o Banco Central, a inadimplência das famílias sob recursos livres subiu de 6,3% para 6,5% de junho a julho — o maior patamar desde maio de 2013 (quando foi 6,6%). Os níveis de inadimplência no setor empresarial também atingiram os maiores níveis desde 2017, com o crédito total apresentando uma alta de 0,2 ponto porcentual no mês.

Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, explicou que parte desse aumento decorre de mudanças na forma de reportar os dados, mas que o cenário geral indica uma moderação no crescimento do crédito, influenciada pelos juros altos e pela política fiscal expansionista do governo, que favorece a manutenção do bom desempenho no mercado de trabalho.

Perspectivas de queda na geração de empregos e sinais mais claros de desaceleração

Segundo Fábio Bentes, economista-chefe da CNC, os dados do Caged e o aumento na inadimplência são consequências do aperto monetário, mas os efeitos tardam a se consolidar no mercado de trabalho devido à política fiscal expansiva. Além disso, o economista do Banco de Portugal, Rodrigo Moliterno, destacou que o mercado de ações reagiu positivamente às notícias, elevando o Ibovespa em 1,04%, ao aproximar-se de seu recorde histórico, ante sinais de que a inflação poderia estar em trajetória de queda, o que abriria espaço para redução da Selic.

Por outro lado, analistas como Marianna Costa, da Mirae Asset, avaliam que os efeitos do cenário atual ainda refletem um mercado de trabalho resiliente, com alta na contratação líquida e índices de desemprego em níveis mínimos desde 2012. Ainda assim, projeções indicam que o segundo semestre poderá registrar uma menor geração de vagas em comparação com o primeiro. Essa desaceleração é considerada um sinal mais consistente do arrefecimento econômico, a exemplo da perda de força na criação de postos de trabalho.

Impactos na política monetária e na renda

Especialistas alertam para o atraso na manifestação dos efeitos da alta da taxa de juros, que desde o ano passado vem sendo ajustada pelo Banco Central. Camargo, da Genial Investimentos, apontou que a política fiscal expansionista, com gastos elevados em programas sociais e reajustes do salário mínimo, dificulta o controle da demanda, especialmente no setor de serviços. Assim, a expectativa é de que o saldo de vagas abertas neste segundo semestre seja menor do que no primeiro.

A expansão do crédito, especialmente nas modalidades de empréstimos rotativos do cartão, também contribui para o aumento da inadimplência. Dados do BC indicam que a taxa de inadimplência nesse segmento atingiu 60,5% em julho, o maior nível da série histórica iniciada em 2011. Quatro bancos foram identificados com juros acima do limite legal para o rotativo — o que pode sinalizar infrações fiscais, segundo o BC.

Para o economista Almeida Barbosa, o cenário atual reforça a expectativa de uma desaceleração mais acentuada do mercado de trabalho nos próximos meses, refletindo as políticas econômicas adotadas e o impacto dos juros elevados. Assim, o governo e o mercado analisam com cautela a evolução do cenário, que ainda apresenta desafios importantes para a política econômica e a estabilidade financeira.

Para mais detalhes, acesse a matéria completa no Fonte original.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes