Brasil, 28 de agosto de 2025
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Quarto julgamento da chacina do Curió analisa participação de sete policiais

Quarto dia de julgamento da chacina do Curió reúne sete policiais na 1ª Vara do Júri de Fortaleza; crime deixou 11 mortos em 2015.

O julgamento da Chacina do Curió chegou ao seu quarto dia nesta quinta-feira (28), com a continuidade de depoimentos que prometem trazer mais clareza a um caso que ainda repercute na sociedade brasileira. Nesta etapa, sete policiais militares respondem por sua alegada participação nesse crime brutal, ocorrido em 2015 na Grande Messejana, em Fortaleza, que resultou na morte de 11 pessoas, a maioria jovens sem antecedentes criminais.

Contexto da chacina do Curió

Na noite de 11 de novembro de 2015, a comunidade do Curió foi palco de um dos episódios mais trágicos da história recente do Ceará, quando um grupo armado efetua uma série de ataques que resultaram na morte de 11 indivíduos, a maioria deles com idades entre 16 e 18 anos. O crime deixou marcas profundas na região e na memória dos familiares das vítimas, que até hoje clamam por justiça.

Com o passar dos anos, o caso se tornou símbolo de discussões sobre a violência policial e a impunidade que, muitas vezes, ronda ações de agentes da segurança pública. A investigação gradativamente expôs a possibilidade de envolvimento de policiais no massacre, levando a promulgação de vários processos judiciais.

Desdobramentos do júri

Em seu quarto dia, o julgamento foi retomado às 9h, com o depoimento da terceira testemunha de defesa, que se estendeu por mais de três horas. Abertura da sessão começou com depoimentos que formam a base das alegações do Ministério Público do Ceará, que argumenta sobre a responsabilidade dos policiais enquanto membros do que chamou de “Núcleo da Omissão”.

Segundo o procurador-geral de Justiça do Ceará, Haley Carvalho, os réus estavam de serviço no local e tinham a obrigação de evitar os crimes, mas se omitiram. “Aquilo que àqueles que deveriam ter evitado a prática do crime, mas se omitiram de forma indevida, devem responder pelos atos praticados e pelo resultado”, explica Carvalho.

O que dizem as acusações

Os sete policiais são acusados de associação com diversos crimes, que incluem:

  • 11 homicídios consumados, todos duplamente qualificados;
  • Três homicídios tentados;
  • Três delitos de tortura física;
  • Um crime de tortura psicológica.

A acusação sustenta que a omissão dos policiais, que estavam em viaturas na área do crime durante a chacina, exacerbava a responsabilidade deles em evitar que as tragédias ocorressem. Nesta fonte de indignação popular, as famílias das vítimas clamam por justiça e anseiam por um desfecho que traga alguma forma de reparação por tantas vidas ceifadas.

Resultados dos julgamentos anteriores

O processo judicial da Chacina do Curió, que já conta com mais de 13 mil páginas, foi dividido em várias etapas para facilitar o andamento das audiências. Até o momento, 30 réus foram julgados, com 20 absolvições e 6 condenações em etapas anteriores. As condenações incluem penas vastas que somam até 275 anos de prisão, de acordo com a gravidade dos crimes cometidos.

Os julgamentos começaram em junho de 2023, e a expectativa é que os últimos réus, que são 3, sejam julgados ainda este ano. “O trabalho do Ministério Público é incessante na busca pela justiça em casos de tamanha gravidade”, afirmou Carvalho. Várias etapas do julgamento já se mostraram polarizadoras, especialmente entre a sociedade civil e os órgãos de segurança pública.

Por que a Chacina do Curió ainda repercute?

A chacina do Curió serviu como um catalisador para discussões mais amplas sobre a função da polícia e a responsabilidade do Estado em proteger os cidadãos. Em um contexto de crescente violência e tensão entre a população e as forças de segurança, o caso renova o debate sobre a necessidade de reformar as práticas policiais e garantir a responsabilização de agentes que usam sua posição de maneira indevida.

O julgamento em andamento é um momento crucial não apenas para os familiares das vítimas, mas para a sociedade como um todo, que observa atentamente as decisões judiciais e suas implicações futuras. Com a memória dessas vidas perdidas ainda viva, a expectativa é que a Justiça prevaleça e que ações concretas sejam implementadas para prevenir futuras tragédias semelhantes na sociedade brasileira.

Os julgamentos da Chacina do Curió ainda estão longe de um desfecho final, e a luta pela justiça continua. Na próxima data marcada para a audiência

, no dia 22 de setembro, mais três réus serão julgados, e espera-se que novos desdobramentos contribuam para elucidar essa história trágica e dolorosa, que ainda assombra a sociedade cearense.

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