Brasil, 28 de agosto de 2025
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Lula defende soberania do Panamá e critica uso do comércio como coerção

Durante visita ao Panamá, Lula afirma que comércio internacional é usado como instrumento de chantagem e reforça apoio à soberania panamenha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (28) que o comércio internacional tem sido utilizado como “instrumento de coerção em chantagem”, sem citar diretamente o governo dos Estados Unidos. A declaração foi feita ao lado do presidente panamenho, José Raúl Mulino, durante reunião no Palácio do Planalto, em Brasília.

Soberania do Panamá e anúncio de compra de aviões

Durante o encontro, Lula reafirmou o compromisso do Brasil com o apoio à soberania do Panamá sobre o Canal do Panamá, uma luta histórica do país que terminou com sua administração sob controle panamenho em 1999. Ele anunciou que o Panamá irá adquirir quatro aviões Super Tucano da Embraer e reforçou o respaldo brasileiro ao tratado que garante a neutralidade da hidrovia.

Contexto geopolítico e declarações de Lula

“Reafirmamos o compromisso com o multilateralismo, o desenvolvimento sustentável e a integração regional. Isso é especialmente relevante em um momento crítico na história da região”, afirmou Lula ao lado de Mulino. “Tentar restaurar antigas hegemonias coloca em dúvida a liberdade e a autodeterminação dos nossos povos. O comércio internacional tem sido utilizado como instrumento de coerção e chantagem”, acrescentou.

O presidente brasileiro citou a frase “quem semeia bandeiras, colhe soberania”, lembrando a luta do Panamá pelo controle do canal, construída após décadas de resistência contra a administração americana. A hidrovia foi concluída em 1914 pelos EUA, que a administraram até 1999, quando a entregaram ao controle do Panamá.

Histórico e apoio brasileiro à soberania do Canal do Panamá

“O Brasil apoia integralmente a soberania do Panamá sobre o canal, conquistada após batalhas e décadas de resistência. Desde então, o país administra o corredor marítimo com eficiência e respeito à neutralidade, com navios de diferentes nacionalidades”, afirmou Lula. “Decidimos nos unir ao tratado de neutralidade permanente do canal, já subscrito por mais de 40 países”, completou.

Escalada de tensões e declarações de Trump

Nos últimos meses, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações manifestando intenção de tomar o controle do canal, que encurta rotas marítimas entre os oceanos Pacífico e Atlântico. Em abril, EUA e Panamá assinaram um acordo que prioriza o uso americano do canal por três anos, sem taxas de uso, o que foi visto como uma capitulação do governo panamenho na tentativa de conter a retórica de Trump.

Diplomacia brasileira e relação com a crise internacional

A visita de Mulino acontece em um momento de fortalecimento da política de defesa do multilateralismo por parte do Brasil, além de coincidir com a escalada da crise entre o governo brasileiro, o Judiciário e os EUA, sob alegações de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula também convidou Mulino para participar da COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém em novembro.

Perspectivas futuras e visita oficial

“Estarei na cúpula de Belém, presidente Lula, pode contar comigo, pois o tema é muito importante para o Panamá e para o Brasil”, afirmou Mulino. O líder panamenho destacou ainda as oportunidades comerciais entre os países após o Panamá se tornar membro associado do Mercosul. Lula deve visitar oficialmente o Panamá em janeiro de 2026.

Segundo análise do especialista Rafael Bittencourt, a postura do Brasil de apoiar a soberania do Panamá e fortalecer a região reflete o compromisso com uma diplomacia multilateral e anticolonial. O relacionamento entre os países deve seguir intensificando-se nos próximos anos, promovendo a cooperação regional e a autonomia dos Estados.

Para saber mais, acesse a reportagem completa no O Globo.

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