Brasil, 28 de agosto de 2025
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Fintechs usadas por crime organizado movimentaram R$ 28 bilhões

Investigações revelam que fintechs facilitam lavagem de dinheiro de facções criminosas, totalizando R$ 28,2 bilhões em seis anos

Dados de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público apontam que várias fintechs no Brasil vêm sendo utilizadas pelo crime organizado para lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas. Entre 2019 e 2025, cerca de R$ 28,2 bilhões foram movimentados por oito dessas instituições, ligadas às maiores facções do país, como Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), conforme revelou reportagem do GLOBO.

Fintechs na mira das autoridades por atividades ilícitas

Recentemente, diferentes fintechs foram suspensas por suas operações. Investigadores indicam que essas empresas de tecnologia financeira operavam a favor de criminosos, facilitando transferências de grandes valores, uso de criptomoedas e criação de contas de fachada. Uma fintech de Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, usava estratégias de marketing para atrair clientes prometendo “liberdade” financeira e “avanço para o futuro” enquanto, na prática, operava no submundo do tráfico e lavagem de dinheiro.

Métodos de lavagem de dinheiro através de fintechs

Criminosos usam diversas estratégias para ocultar a origem ilícita do dinheiro, incluindo o fracionamento de grandes somas em várias transações menores, uso de carteiras digitais, contas virtuais e transferência para criptomoedas. Essas ações dificultam o rastreamento pelos órgãos de fiscalização.

Além disso, organizações criminosas abrem contas de “laranjas” e empresas de fachada, que movimentam volumes expressivos sem levantar suspeitas. Em alguns casos, há fraudes com empréstimos feitos usando documentos falsificados, que, após quitados, justificam movimentações ilegais.

Blindagem patrimonial e uso de contas bolsão

As investigações também indicam que fintechs facilitam a blindagem patrimonial de recursos ilícitos. Empresas de tecnologia financeira criavam “contas bolsão” em nome de terceiros, permitindo que os titulares reais ficassem ocultos, protegendo seus patrimônios de bloqueios judiciais e investigações.

Segundo o Banco Central, o setor vem passando por melhorias na regulação, com fiscalização mais rigorosa, para coibir ações criminosas. Contudo, o tamanho do fluxo financeiro foi considerado “impressionante” pelos investigadores, revelando a complexidade da infiltração do crime organizado no segmento.

Crimes mais sofisticados e uso de novas tecnologias

Especialistas apontam que grupos como PCC e ‘Ndrangheta estão cada vez mais conscientes das tecnologias emergentes, investindo em criptomoedas, plataformas clandestinas de trading e hacking. Em 2018, um traficante na Itália foi interceptado recusando pagamento em bitcoin por uma carga de cocaína, exemplificando o uso crescente dessas tecnologias no crime organizado internacional.

O uso de fintechs para lavar dinheiro inclui furtos de forma organizada, com operações de baixa suspeita, por meio de contas virtuais e empreendimentos de fachada, dificultando a fiscalização e o rastreamento do dinheiro ilícito.

Atuação de contas “bolsão” para proteger criminosos

Investigações apontam ainda que fintechs criaram estruturas de “contas bolsão”, em que a fintech aparece como titular oficial, enquanto os reais proprietários permanecem ocultos. Essa prática permite movimentar valores elevados sem que as operações sejam identificadas pelos órgãos de controle.

Apesar do crescimento do setor e dos avanços regulatórios, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) registrou um aumento expressivo nas comunicações de operações suspeitas: em 2025, até junho, foram mais de 85 mil notificações, já superando o total de 2024 e levando a uma maior atenção das autoridades para a infiltração de organizações criminosas no sistema financeiro digital.

Perspectivas e desafios futuros

Especialistas e autoridades alertam que a adaptabilidade dos criminosos às novas tecnologias exige uma fiscalização permanente. Mesmo com avanços na regulação, o uso de fintechs por facções criminosas representa um desafio constante para os órgãos de controle, que buscam equilibrar inovação e segurança.

A expectativa é que o Banco Central continue aprimorando suas ações na supervisão dessas instituições, enquanto as forças de segurança reforçam a investigação sobre o uso indevido das fintechs por criminosos, na tentativa de reduzir o impacto do crime organizado na economia do país.

Fonte: GLOBO

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