Brasil, 28 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Encontro histórico de bispos na Pan-amazônia destaca sinodalidade

Bispos da Pan-amazônia discutem sinodalidade e desafios durante importante reunião em Bogotá.

De 17 a 20 de agosto de 2025, quase 90 bispos da Pan-amazônia se reuniram na sede do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), em Bogotá. Este encontro, o primeiro após o Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019, foi convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), um dos frutos desse sínodo. Durante os quatro dias de discussões, os bispos abordaram temas cruciais para a inclusão e sinodalidade nas igrejas locais da região.

Um reencontro significativo

O vice-presidente da CEAMA, Dom Zenildo Lima, bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus, destacou a importância do encontro, que representou uma oportunidade de reencontro e, para muitos, um primeiro contato com as diretrizes estabelecidas no Sínodo para a Amazônia. Ele sublinhou que o foco principal das discussões foi a sinodalidade e a CEAMA como ferramenta essencial para o exercício dessa sinodalidade. Dom Zenildo afirmou que o objetivo era estreitar laços entre as igrejas locais, dioceses e prelazias da Pan-Amazônia.

“O envolvimento dos bispos foi surpreendente”, comentou Dom Zenildo. “A adesão ao encontro foi muito positiva, e as dinâmicas de escuta mostraram o quanto as igrejas locais estão se esforçando para implementar processos sinodais”, completou. Essa energia compartilhada entre os bispos reflete um esforço coletivo para criar um ambiente mais colaborativo e inclusivo dentro da Igreja.

Participantes do encontro

Participantes do encontro

A sinodalidade em destaque

Dom Zenildo reiterou que “a sinodalidade está viva nas nossas igrejas”, observando que o Sínodo da Amazônia continua a influenciar positivamente a atuação das comunidades. “Os bispos apresentaram pautas importantes que devem ser enfrentadas em comunhão”, ressaltou. Entre as pautas, destaca-se o fortalecimento da identidade e estrutura da CEAMA, para que ela sustente e promova o caminho da sinodalidade nas igrejas da região.

Ele reconheceu que ainda há desafios a serem superados, especialmente em relação à compreensão da CEAMA e sua estruturação. Contudo, avaliou o encontro como positivo e afirmou que a proposta de uma conferência eclesial como caminho para a sinodalidade foi amplamente aceita pelo episcopado da Pan-Amazônia.

Missa conclusiva dos trabalhos

Missa conclusiva dos trabalhos

A contribuições da CEAMA

Dom Zenildo se mostrou surpreso com o reconhecimento da CEAMA no Relatório de Síntese da Primeira Sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade. Ele ressaltou que, apesar de os desafios continuarem, a CEAMA se apresenta como uma oportunidade valiosa para articular as forças eclesiais de maneira mais inclusiva. A ideia de criar um novo modelo que considere novos sujeitos nas decisões e processos é um marco importante para a Igreja na região.

“Estamos propondo um modelo que não compromete a hierarquia, mas que ilumina novas possibilidades de participação”, afirmou o bispo, enfatizando que a CEAMA pode ser uma plataforma para transformar a dinâmica de decisões e processos missionários.

Superando resistências

Nos debates, Dom Zenildo também reconheceu que existem resistências e questionamentos sobre a CEAMA e a sinodalidade. “Isso pode ser uma insegurança diante das mudanças que esses processos implicam”, comentou. O receio de perder poder é uma preocupação que permeia algumas discussões. Ele ressaltou que a estrutura hierárquica da Igreja deve ser sustentada por um dinamismo que promove serviços evangelizadores, não apenas por uma concepção de poder.

“Uma conferência eclesial é uma experiência subsidiária que apoia o Ministério Episcopal e oferece condições de discernimento que a estrutura hierárquica, sozinha, não conseguiria realizar”, explicou, provocando uma reflexão sobre a importância do apoio mútuo entre as conferências episcopais e a CEAMA.

Caminhos de crescimento nas igrejas

A mensagem final do encontro destacou os avanços significativos nas áreas de escuta, articulação das dioceses e revitalização dos conselhos e processos de formação pastoral. “Esses resultados não são meras perspectivas, mas reflexos das partilhas dos bispos sobre o que as igrejas locais têm vivenciado”, observou Dom Zenildo, demonstrando que as igrejas estão, efetivamente, trilhando caminhos de sinodalidade e revitalizando suas estruturas de participação.

Ele ressaltou que essas mudanças estão alinhadas com o compromisso socioambiental, refletindo o papel da Igreja frente ao desafio do reino de Deus. O encontro, portanto, não foi apenas um espaço de deliberação, mas um verdadeiro reconhecimento dos passos já dados e das experiências vividas nas igrejas da Pan-amazônia.

Desafios e perspectivas futuras

Por fim, o bispo abordou o desafio contínuo das posturas autoritárias e do clericalismo que ainda permeiam a Igreja. “Precisamos repensar a formação dos ministérios e superar essas tendências”, declarou. Ele reafirmou o desejo de uma Igreja mais sinodal e acessível, comprometida com uma evangelização eficaz do Reino de Deus.

O encontro em Bogotá foi um marco na história da sinodalidade na Pan-amazônia, refletindo os avanços e os desafios que as igrejas locais enfrentam em sua jornada de transformação e inclusão.

Leia mais sobre o encontro

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes