O tribunal de falências federal aprovou nesta semana o amplo acordo de US$ 176 milhões da Diocese de Syracuse, Nova York, para compensar vítimas de abuso sexual por integrantes da Igreja. A decisão ocorre após anos de negociações entre a diocese, sobreviventes e seguradoras, consolidando um dos maiores acordos de reparação no país.
Acordo que envolve US$ 100 milhões da diocese de Syracuse
Conforme informou o bispo Douglas Lucia em uma carta publicada em 27 de agosto, a Diocese de Syracuse contribuirá com US$ 100 milhões para o fundo de reparação, valor anunciado inicialmente em 2023. Desse montante, US$ 50 milhões virão diretamente da diocese, enquanto US$ 45 milhões serão provenientes de paróquias locais e US$ 5 milhões de outras entidades católicas associadas à Diocese.
Os restantes US$ 76 milhões serão pagos pelas seguradoras diocesanas, reforçando o compromisso financeiro do grupo responsável pelas apólices. Além da compensação financeira, o acordo prevê melhorias nas políticas de proteção às crianças e adolescentes adotadas pela diocese.
Histórico e próximos passos
A Diocese de Syracuse iniciou o processo de falência em 2020, como resposta à quantidade crescente de casos de abuso sexual e às tentativas de negociação com vítimas. Em sua carta, o bispo Lucia agradeceu aos fiéis que oraram e apoiaram o processo ao longo de cinco anos de buscas por justiça. “Juntos espero que a Igreja aqui seja cada vez mais um corpo de Cristo na comunidade”, afirmou.
O julgamento acontece numa época em que diversas dioceses nos EUA têm realizado acordos de alto valor para compensar vítimas de abuso. No mês passado, a Diocese de Rochester concordou em pagar US$ 246 milhões aos sobreviventes, enquanto a Diocese de Buffalo aceitou pagar US$ 150 milhões. O maior acordo individual até então foi da Diocese de Rockville Centre, que concordou com US$ 323 milhões em 2024, e o maior pagamento feito pela Igreja nos EUA ocorreu na Arquidiocese de Los Angeles, chegando a quase US$ 1 bilhão.
Repercussões na Igreja e na sociedade
Especialistas destacam que os acordos bilionários refletem uma mudança na postura da Igreja Católica nos Estados Unidos diante do abuso — uma tentativa de limpar sua imagem e responsabilizar-se pelos crimes. Além disso, preocupações em relação à proteção infantil continuam sendo prioridade, incentivando reformas na gestão das comunidades religiosas.
Segundo analistas, a tendência é que novos acordos de reparação sejam firmados nas próximas semanas, sobretudo em dioceses que enfrentam processos similares. A transparência e o fortalecimento das medidas de proteção às crianças permanecem como temas centrais na discussão pública e institucional.
Impacto na comunidade e na busca por Justiça
O acordo de Syracuse simboliza um passo importante na jornada de sobreviventes de abusos que esperam por reconhecimento e reparação. “Este é um momento de esperança para quem sofreu injustamente, e de renovação para a Igreja”, declarou Lucia.
A iniciativa reforça o compromisso da Diocese de Syracuse em promover a justiça e fortalecer as ações de prevenção no futuro, buscando reconquistar a confiança da sociedade e dos fiéis.