Na terça-feira, a Venezuela deu um passo significativo em sua postura de defesa ao despachar navios de guerra e drones para patrulhar as costas do país. Essa ação ocorre em meio a um aumento das tensões com os Estados Unidos, que recentemente enviaram três destróieres para a região, intensificando a pressão sobre o presidente Nicolás Maduro.
Respostas das autoridades venezuelanas
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, anunciou em um vídeo publicado nas redes sociais que a Venezuela estava implementando uma “significativa” operação de drones, além de patrulhas navais ao longo da costa caribenha. Ele destacou que grandes embarcações estariam posicionadas ao norte das águas territoriais do país.
Essa mobilização militar veio após o envio de três destróieres de mísseis guiados e 4.000 fuzileiros navais dos EUA para combater o tráfico de drogas. Fontes nos Estados Unidos relataram que o presidente Donald Trump estava enviando ainda mais dois navios para a região, aumentando a presença militar na área.
Interpretações da situação atual
Apesar do acúmulo militar, analistas apontam que a possibilidade de uma invasão americana ou de ataques diretos à Venezuela é remota. Nas ruas, muitos venezuelanos demonstraram uma apatia em relação às ameaças, considerando-as como uma postura política de Washington.
Maduro, que começou um terceiro mandato em eleições de julho de 2024 marcadas por alegações de fraude, tem sido um alvo frequente do governo Trump desde seu primeiro mandato. As políticas de “máxima pressão” sobre a Venezuela, que incluem um embargo de petróleo, não conseguiram remover Maduro do poder, levando analistas a acreditarem que os EUA tentam provocar incerteza no governo para forçá-lo a negociar.
A acusação de narcotráfico
Desde o retorno de Trump ao poder, suas críticas à Venezuela têm se concentrado nas atividades de quadrilhas poderosas no país. Washington acusa Maduro de liderar um cartel de tráfico de cocaína, o Cartel de los Soles, que foi designado como organização terrorista pela administração americana.
Recentemente, os Estados Unidos duplicaram a recompensa para a captura de Maduro, passando a oferecer até 50 milhões de dólares em troca. No ano passado, o governo americano apreendeu um avião pertencente a Maduro, acusando-o de violação das sanções atuando em contrariedade às leis internacionais.
Mobilização interna e chamada à resistência
Frente à pressão externa, Maduro lançou uma campanha para aumentar a militância interna, convocando cidadãos a se alistarem em milícias para defender o país. Nas semanas recentes, milhares de venezuelanos, incluindo funcionários públicos e aposentados, se alistaram para integrar essas forças após o apelo do presidente.
Caracas também pediu a intervenção da ONU para que fosse exigida a “cessação imediata do envio militar dos EUA ao Caribe”, enquanto anunciou o envio de 15.000 tropas à fronteira com a Colômbia para combater o tráfico de drogas.
Retórica contra o narcotráfico
Durante sua programação semanal, Maduro afirmou que a Venezuela é um “território limpo e livre de tráfico de drogas”. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, corroborou, afirmando que já foram apreendidas 53 toneladas de drogas apenas neste ano e que suas forças estariam atuando em várias frentes contra os cartéis.
Na terça-feira, Padrino também anunciou uma operação em curso na região nordeste do país, que resultou na desarticulação de estaleiros usados para a fabricação de embarcações submersíveis, conhecidas como “narco subs”, que são utilizadas para o transporte de drogas por mar. Esses esforços refletem a complexidade do combate ao narcotráfico na região e a determinação do governo de Maduro em afirmar seu controle em um ambiente de crescente tensão internacional.
A Associated Press contribuiu para este relatório.