Brasil, 27 de agosto de 2025
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Trump avalia ampliar influência sobre bancos regionais do Federal Reserve

Governo de Donald Trump analisa opções para exercer maior controle sobre os bancos regionais do Fed e influenciar a política monetária.

O governo de Donald Trump está considerando medidas para ampliar sua influência sobre os 12 bancos regionais que compõem o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. A estratégia inclui uma análise detalhada do processo de seleção e recondução dos presidentes regionais, passando a exercer maior controle sobre o conselho de governadores do Fed, segundo fontes próximas ao assunto ouvidas pela agência Bloomberg.

Potencial mudança na influência sobre o Fed

Se avaliada e implementada, uma possível destituição da diretora do Fed, Lisa Cook, poderia garantir a Trump a maioria no Conselho de Governadores, composto por sete membros. Essa decisão, anunciada na última segunda-feira, dependeria de uma possível batalha judicial, uma vez que o Fed afirma que Cook só pode ser removida por ‘justa causa’, e ela declarou que consideraria ilegal sua demissão.

Segundo analistas, a decisão de Trump poderia afetar também o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), responsável pela política de juros, que inclui cinco dos 12 presidentes de bancos regionais do Fed em sistema de rodízio. Esses presidentes regionais não são indicados pela Casa Branca nem pelo Senado, diferentemente dos governadores em Washington.

Implicações para a independência do Fed

Ao examinar o processo de recondução dos presidentes regionais — uma responsabilidade que, normalmente, ocorre sem grandes questionamentos — o governo Trump busca fortalecer seu controle sobre a política monetária para influenciar decisões favorecendo juros mais baixos. Isso representa um movimento ousado na campanha por maior influência política sobre uma instituição considerada independente.

Lisa Cook, primeira diretora negra do Fed, anunciou que contestará sua possível demissão na Justiça. Sua resistência ocorre em meio a alegações de que houve fraude hipotecária, acusação que ela nega, e que aumentou as tensões com o governo Trump.

Reações e preocupações no setor financeiro

Presidentes de bancos regionais do Fed, que fazem parte do Fomc, demonstraram preocupação com os planos de Trump e discutiram sobre o impacto potencial de mudanças na composição do conselho. Alguns começam a questionar a possibilidade de uma interferência política mais direta na política monetária, o que contrasta com a tradição de autonomia da instituição.

Analistas como Derek Tang, da LHMeyer, afirmam que uma enxurrada de indicações e reinvindicações políticas ameaça a estabilidade do sistema, podendo levar a uma inflação mais elevada e ao aumento das taxas de juros de longo prazo, além de colocar em risco a credibilidade do Federal Reserve.

Repercussões para a política econômica dos EUA

Desde que retornou à Casa Branca, Trump tem feito exigências constantes por taxas de juros mais baixas ao Fed, sob a liderança de Jerome Powell, que mantém a taxa básica estável até o momento. Caso o governo consiga exercer maior controle sobre os presidentes regionais, essa influência poderá se intensificar, modificando o equilíbrio de poder no banco central americano.

De acordo com fontes próximas, a mudança pode afetar o processo de recondução dos presidentes regionais, que ocorre a cada cinco anos, em fevereiro, e que neste momento tem uma importância estratégica crescente diante do contexto político atual.

Precedentes e controvérsias

Especialistas alertam que tentar modificar a composição do Fomc, alterando o voto de maioria no conselho de governadores, representa uma tentativa sem precedentes de interferência na autonomia do Fed, considerada um pilar da política econômica dos EUA.

Lael Brainard, ex-vice-presidente do Fed, criticou publicamente a estratégia de Trump, afirmando que essa interferência poderia desencadear um aumento da inflação e das taxas de juros de longo prazo. Ela também destacou a complexidade do processo de nomeação e recondução dos presidentes regionais, que envolve tanto os conselhos de bancos membros quanto o Conselho de Governadores.

Perspectivas futuras

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, está conduzindo entrevistas com candidatos à presidência do Fed, cujo mandato termina em maio, e há especulações de que alguns indicados não serão apenas considerados para o cargo de presidente do Fed, mas também para os bancos regionais.

O movimento de Trump coloca em xeque a tradição de independência do Fed, abrindo um debate sobre o futuro da política monetária e do equilíbrio de poder entre o governo e o banco central norte-americano. O resultado dessas ações pode ter impacto duradouro na economia global e na credibilidade do sistema financeiro dos EUA.

Fonte: O Globo

Tags: EUA, Federal Reserve, Donald Trump, política monetária, bancos regionais

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