A assinatura de uma tarifa de 50% sobre máquinas e equipamentos, anunciada pelo governo Trump, deve impactar significativamente as exportações brasileiras a partir de setembro, segundo análises da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A diretora de Competitividade, Economia e Estatística da entidade, Cristina Zanella, afirma que o mercado de máquinas deve manter uma queda de cerca de US$ 300 milhões mensais até o fim do ano devido à perda de competitividade.
Impacto na competitividade e nas exportações brasileiras
De acordo com Cristina Zanella, o impacto do tarifão se refletirá principalmente na exportação de máquinas e equipamentos, que representa uma parcela importante do comércio exterior do Brasil com os Estados Unidos. Ela explica que, mesmo com as medidas do Departamento de Comércio dos EUA, que enquadrou exportações contendo aço e alumínio na Seção 232 do Ato de Expansão Comercial, o Brasil permanece menos competitivo em relação a outros países. “Quando analisamos a proporção de máquinas não relacionada ao aço ou alumínio, a sobretaxa é de 50%, reduzindo a vantagem competitiva, que já era limitada”, afirmou Zanella.
Repercussões econômicas e perspectivas futuras
Estimativas apontam que as exportações totais do setor devem registrar uma queda de 15% em 2025, especialmente pela perda de mercado para os EUA, que deve representar uma redução de aproximadamente 30% nos últimos meses. A combinação da sobretaxa com a retração na demanda por máquinas para construção civil, que caiu 21% de janeiro a julho, contribui para a queda de 10,6% nas vendas ao mercado norte-americano nesse período, atualmente partindo de uma representatividade de 44% no total de exportações.
Medidas de apoio ao setor e o impacto no emprego
Por outro lado, Cristina Zanella destaca a receptividade positiva das empresas brasileiras às medidas de apoio do governo, como o programa Reintegra. Ela acredita que uma expansão mais ampla do benefício para todos os exportadores ajudaria a manter a competitividade do setor diante das dificuldades atuais. Até julho, o setor não apresentou impacto significativo no emprego, com leve aumento de 1% na quantidade de postos de trabalho em relação a junho, e a expectativa é de que os efeitos mais perceptíveis ocorram a partir de setembro ou outubro.
“Ainda não houve impacto extensivo na mão de obra, que permanece bastante qualificada e resistente à demissão. As empresas investem na formação de seus funcionários, o que dificulta cortes drásticos no momento”, afirma Zanella.
Próximos desafios e estratégias
A expectativa do setor é de que o governo adote uma postura mais ampla na ampliação do Reintegra, estendendo os benefícios para empresas que não exportam exclusivamente para os Estados Unidos, o que poderia ajudar a amortecer o impacto da sobretaxa. Cristina reforça que, apesar das dificuldades, as exportações para outros mercados têm se mantido estáveis, e a estratégia será diversificar os destinos para reduzir a vulnerabilidade frente às políticas comerciais dos EUA.
Para saber mais sobre o impacto do tarifaço na indústria de máquinas e equipamentos, acesse a reportagem completa no O Globo.