À medida que a isenção de tarifas para envios de baixo valor aos Estados Unidos chega ao fim nesta sexta-feira, diversas companhias globais de transporte já suspendem entregas ao país. A medida, determinada pelo presidente Donald Trump em julho, ameaça alterar cadeias logísticas e elevar custos para consumidores americanos.
Fim da isenção de de minimis e impacto nas entregas
Trump assinou uma ordem executiva em 30 de julho para eliminar a isenção de tarifas de US$ 800, conhecida como de minimis, que permitia a entrada de pacotes de baixo valor sem cobranças fiscais. A partir de 29 de agosto, essa regra deixa de valer para todos os países, aumentando a tributação sobre importações de pequeno valor.
Com a mudança, empresas de diversos continentes — incluindo Europa, Austrália, Índia, Nova Zelândia, Taiwan e Japão — anunciaram pausas nas entregas para os EUA. A União Postal Universal da Organização das Nações Unidas (ONU) informou que 25 países já suspenderam seus serviços postais ao país.
Desafios logísticos e efeito dominó na cadeia de transporte
Especialistas apontam que a incerteza sobre quem será responsável pela cobrança de tarifas e como os dados de importação serão transmitidos às autoridades americanas cria um gargalo na entrada de remessas.
“Criou-se uma enorme barreira operacional,” afirmou a DHL, que anunciou a suspensão temporária de entregas por parte da Deutsche Post e DHL Parcel Alemanha.
Concetramento nas transportadoras privadas e custos crescentes
Segundo Ashley Dudarenok, consultora de pesquisa de consumo baseada na China e Hong Kong, muitas empresas não estão preparadas para lidar com o novo sistema de cobrança de tarifas, o que provoca um efeito dominó na cadeia de entregas. Isso pode levar ao aumento nos custos de transporte, uma vez que mais remessas serão canalizadas por companhias como FedEx e UPS.
“Quanto mais empresas suspendem, maior a sobrecarga nas privadas, elevando os custos logísticos,” explica Dudarenok.
Consequências para o comércio internacional com os EUA
Desde maio, chineses sofreram forte redução no volume de exportações para os EUA, em torno de 65%, devido às tarifas impostas por Trump. A resposta global ao fim da isenção de de minimis pode intensificar o impacto sobre o comércio bilateral, além de criar pressões internas para possíveis reversões na política.
Embora haja especulações de que a administração possa reconsiderar a decisão, a Lei “One Big Beautiful Bill”, sancionada em julho, prevê a eliminação definitiva da isenção até julho de 2027, reforçando o impacto de mudanças estruturais na importação de pequenas remessas.
Especialistas alertam que o cenário pode levar a uma maior valorização dos custos de envio e atraso nas entregas, afetando consumidores e empresas nos Estados Unidos nos próximos meses.