À medida que o Congresso volta do recesso em setembro, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB) intensifica sua atuação política, focando em reforma migratória e fortalecimento de programas sociais, promovendo a dignidade humana e o apoio às famílias mais vulneráveis.
Prioridades da USCCB: reforma migratória e proteção social
De acordo com Chieko Noguchi, diretora de assuntos públicos da USCCB, o objetivo é envolver o governo na promoção do bem comum, defendendo a proteção à vida e à dignidade de todos. “Estamos dialogando com o Congresso, a Casa Branca e a administração para garantir que nossas ações estejam alinhadas aos ensinamentos da Igreja, especialmente na defesa dos imigrantes, refugiados e os mais pobres”, afirmou Noguchi à CNA.
A conferência reforça a necessidade de legislações que protejam os chamados “Dreamers”, jovens trazidos ao país na infância, considerando a inaceitável incerteza gerada pelo programa DACA. “A permanência do programa é fundamental para garantir direitos e reconhecer o esforço dessas pessoas”, destacou Noguchi.
Críticas às recentes medidas orçamentárias
Após a aprovação do pacote de gastos conhecido como “One Big Beautiful Bill Act”, a USCCB criticou duramente a medida por conter cortes que prejudicam o acesso à saúde e à alimentação, além de propostas que podem aumentar a desigualdade social e prejudicar famílias. “Essas ações não refletem os princípios de solidariedade e proteção à vida que defendemos”, comentou Braga, presidente do USCCB, em nota pública.
Segurança digital e proteção infantil
Em julho, a USCCB assinou uma carta conjunta apoiando o Kids Online Safety Act, que responsabiliza plataformas tecnológicas por proteger menores de conteúdos nocivos e recursos viciante. A iniciativa reforça o compromisso da Igreja com o bem-estar das crianças e a preservação de ambientes familiares seguros.

Advocacia pela imigração e vida familiar
Para o próximo semestre, a USCCB mantém forte campanha para que o Congresso garanta proteção permanente a jovens migrantes conhecidos como “Dreamers”, sob o programa DACA. “A incerteza contínua prejudica uma parcela importante da sociedade americana, que merece reconhecimento e direitos iguais”, afirmou Noguchi.
Além disso, os bispos se posicionam contra mudanças que possam limitar o acesso de famílias mistas (com integrantes com status legal e irregular) a programas de auxílio, como o Crédito Tributário por Filho, que atualmente exige apenas número de Seguro Social do menor.
Leis para proteção de trabalhadores religiosos e apoio à moradia
Outra pauta prioritária é o apoio à lei Religious Workforce Protection Act, que busca garantir vistos de trabalho para trabalhadores religiosos afetados pelo atraso na emissão de vistos, essenciais para muitas instituições católicas.
Embora o USCCB tenha encerrado, em 2024, seu programa de acolhimento de refugiados devido a cortes de financiamento, os bispos continuam defendendo políticas humanitárias e uma abordagem mais compassiva na fronteira, além de solicitar recursos para moradia acessível e desenvolvimento comunitário.
Saúde, justiça social e ajuda humanitária
Na área de saúde, o episcopado promove o direito à assistência materna, pediátrica e de cuidados paliativos, apoiando iniciativas que assegurem financiamento sem vínculo com o aborto. Também defendem um orçamento federal que priorize os mais pobres e o bem comum, alinhado aos princípios católicos de solidariedade.
Por fim, os bispos reforçam a necessidade de suporte internacional para crises humanitárias, solicitando recursos a Washington para assistência em regiões impactadas por conflitos e desastres naturais, considerando essa uma responsabilidade moral de toda nação.
“As decisões do Congresso impactam profundamente o bem-estar de muitas pessoas. Nosso compromisso é continuar atuando na defesa da dignidade e do direito à vida de todos”, concluiu Broglio, presidente da USCCB. A retomada do Congresso está marcada para 2 de setembro.