Brasil, 14 de outubro de 2025
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Mercado vê moderada reação após tentativa de remover Lisa Cook do Fed

Após anúncio de possível demissão de Lisa Cook pelo governo dos EUA, mercado mantém postura cética e acredita na resistência da economista

Nesta terça-feira (26), o mercado financeiro teve uma reação moderada ao anúncio de Donald Trump de tentar demitir Lisa Cook do conselho do Federal Reserve (Fed). Os investidores não acreditam que a economista será efetivamente retirada do cargo, segundo avalia Fábio Kanczuk, diretor de macroeconomia do ASA e ex-diretor do Banco Central do Brasil, em entrevista à GloboNews.

Reação dos mercados e impacto na política monetária

O dólar fechou em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,4338, refletindo a tensão política. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou em queda de 0,18%, aos 137.771 pontos. Para Kanczuk, o mercado entende que a tentativa de Trump de afastar Cook é improvável de sucesso, já que ela possui mandato até 2038 e deverá permanecer no cargo enquanto a batalha jurídica perdurar.

Tentativa de resistência e cenário jurídico

O especialista destaca que o efeito mais provável da decisão presidencial é que Cook continue na disputa judicial sem seu afastamento imediato. “Ela continuará defendendo sua permanência enquanto o caso for resolvido na Justiça”, afirmou. Kanczuk lembra que, apesar de a demissão de um membro do conselho de governadores do Fed ser um acontecimento sem precedentes, a legislação americana garante a independência da instituição, protegendo seus integrantes de interferências políticas.

Defesa do Fed e declarações oficiais

O Federal Reserve reiterou, nesta terça-feira, sua posição de proteção à independência. Em nota oficial, a instituição destacou que seus diretores têm mandatos de 14 anos e só podem ser afastados por “justa causa”, conforme a legislação de 1913, que criou o banco central dos EUA. “Essas garantias são essenciais para assegurar que as decisões do Fed sejam baseadas em análise econômica e interesses de longo prazo”, afirmou o comunicado.

O Fed informou ainda que Lisa Cook, por meio de seu advogado, pretende contestar judicialmente qualquer tentativa de afastamento, e que continuará exercendo suas funções enquanto aguardam uma decisão judicial. A instituição também afirmou que cumprirá qualquer decisão judicial, caso seja inevitável.

Contexto político e possíveis futuras ações

A iniciativa de Trump marca uma escalada no conflito envolvendo o banco central, que tem atuado de forma independente desde sua criação. O presidente americano afirmou que a demissão de Cook se deve a acusações de fraude hipotecária relacionadas à declaração de duas residências como principais — uma justificativa contestada pela advogada da economista, que classificou a alegação como sem base legal.

Para Kanczuk, um caminho mais provável para Trump seria a tentativa de substituir Jerome Powell, atual presidente do Fed, cujo mandato termina em maio de 2026. “Existe uma lista de possíveis nomes para essa substituição, e o tema provavelmente passará por questões relativas à autonomia do banco central e ao alinhamento com o interesse do presidente”, avaliou.

Lisa Cook e seu destaque no Fed

Lisa Cook, indicada por Joe Biden em 2022, será a primeira mulher negra a integrar o conselho de governadores do Fed. Economista formada na Universidade de Oxford, com experiência na recuperação econômica de Ruanda após o genocídio, ela possui um mandato de 14 anos até 2038. Sua trajetória inclui trabalhos na Universidade Estadual de Michigan, no Departamento do Tesouro dos EUA e no conselho de assessores econômicos do presidente Barack Obama.

Cook respondeu às acusações de Trump dizendo que não há motivo legal para sua demissão, que ela continuará na posição e que adotará todas as medidas cabíveis para defender sua permanência no Fed. A controvérsia revela uma tentativa sem precedentes de interferência política na instituição, cuja independência visa garantir estabilidade e decisões de longo prazo na política monetária americana.

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