Após perder o comando da CPI do INSS, o governo brasileiro se mobiliza para promover uma série de trocas entre os integrantes do colegiado. A tática, segundo aliados do Palácio do Planalto, é estratégica para evitar novos reveses e garantir um número consistente de parlamentares alinhados à base. Entre os nomes que já pediram para deixar o colegiado estão os senadores Omar Aziz (PSD-AM), que foi derrotado na disputa pela presidência, e Renan Calheiros (MDB-AL), que não compareceu às duas primeiras sessões. O governo pretende ter, ao menos, 18 parlamentares alinhados na reunião prevista para esta quinta-feira.
Articulação para manter a base unida
A articulação em curso acontece após governistas afirmarem ter sido surpreendidos com a pauta da reunião. De acordo com integrantes da base, havia um suposto acordo entre os líderes de que a sessão seria restrita à coleta de depoimentos, levando muitos parlamentares a decidirem não participar e agendar outros compromissos. No entanto, o que foi estabelecido oficialmente inclui requerimentos que preveem acesso a informações sigilosas, complicando ainda mais a situação.
Para este reposicionamento, dois parlamentares que atuavam como suplentes devem assumir como titulares: os senadores Chico Rodrigues (PSB-RR) e Tereza Leitão (PT-PE). Além disso, a senadora Jussara Lima (PSD-PI), que não é membro formal da comissão, pode ser convocada para reforçar a presença governista, aumentando a pressão sobre os demais parlamentares.
Novos nomes na CPI
Outros nomes que estão sendo considerados para se juntarem à CPI incluem a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), também na condição de suplentes. As movimentações ocorrem num momento considerado crítico, onde a composição e a estratégia do governo na CPI são fundamentais para a continuidade dos trabalhos e a análise das denúncias sobre fraudes no INSS.
Substituições recentes e depoimentos na pauta
Nos últimos dias, diversas substituições foram formalizadas na composição da CPI. As mudanças incluem:
- 25/08/2025: Rafael Brito (MDB-AL) assumiu como titular no lugar de Ricardo Maia (MDB-BA), que passou a suplente.
- 25/08/2025: O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) entrou como titular na vaga de Cid Gomes (PDT-CE), que virou suplente.
- 25/08/2025: A senadora Ana Paula Lobato (PDT-MA) foi designada titular em substituição a Chico Rodrigues, que voltou à suplência.
- 26/08/2025: Humberto Costa (PT-PE) foi incluído como suplente.
- 26/08/2025: O PL teve mudanças com a saída de Sóstenes Cavalcante como suplente após breve mudança de posições.
- 26/08/2025: Silas Câmara (Republicanos-AM) foi designado suplente em substituição a Thiago Flores (Republicanos-RO).
Na sessão desta quinta-feira, a CPI tem a expectativa de ouvir seus primeiros depoimentos. Estão previstas as participações de Patrícia Bettin Chaves, coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Previdenciária da Defensoria Pública da União (DPU), e Bruno Oliveira Pereira Bergamaschi, delegado da Polícia Federal. O segundo depoimento será secreto, visto que o inquérito que ele conduz está sob segredo de Justiça.
Objetivos da CPI e documentação requisitada
Bergamaschi foi o responsável pela investigação de crimes relacionados a descontos fraudulentos em benefícios administrados pelo INSS. Sob sua liderança, foram apresentadas representações por medidas cautelares, culminando na autorização judicial para mandados de busca e apreensão e na deflagração da Operação Sem Desconto.
Além disso, a pauta da CPI abrange requisições de documentos e dados do INSS e de órgãos de controle. Esses pedidos incluem processos administrativos, acordos de cooperação técnica, registros internos, dados financeiros e comunicações internas, além de relatórios de auditoria e informações sobre a Operação Sem Desconto, procurando entender melhor as falhas e fraudes que afetam o sistema previdenciário.
A verdade é que, com essas movimentações, o governo busca não apenas recuperar o controle da CPI, mas também restaurar a confiança e a efetividade das investigações do INSS. Com a aprovação de novas nomeações e a estrutura da comissão em constante mudança, resta saber como isso poderá impactar as informalidades e os depoimentos que se seguem.