O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, teve sua recente tentativa de desvincular a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro criticada por deputados estaduais do PL. Em um discurso na Assembleia Legislativa, o deputado Bruno Engler, membro do PL, chamou a atenção para o que considera uma postura oportunista da “direita moderada”, incluindo Zema, que estaria tentando ocupar o espaço político deixado por Bolsonaro.
Reações às declarações de Zema
As ressalvas feitas por Engler foram direcionadas não apenas a Zema, mas também ao partido Novo, com o qual o governador tem laços. Segundo o deputado, o Novo se distancia de Bolsonaro apenas publicamente enquanto tenta apropriar-se de seu espólio eleitoral. “Essa turminha do partido Novo quer se descolar do Bozo, mas quer os eleitores dele”, afirmou Engler, reforçando que a intenção do partido é ter uma imagem favorável enquanto torce pela inelegibilidade do ex-presidente.
A crítica do deputado é reforçada por um ponto de vista que sugere que Zema não se posiciona ao lado de Bolsonaro em momentos cruciais, buscando, na verdade, construir uma trajetória política independente. Durante uma entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Zema declarou que, apesar de compartilhar algumas semelhanças nas propostas liberais e cristãs com Bolsonaro, nunca havia compartilhado um palanque em primeiro turno com o ex-presidente. Ele enfatizou: “Quem conhece minha história sabe que, em 2018, eu caminhei de um lado e Bolsonaro, de outro.”
A postura dos adversários
A crítica ao governador mineiro também veio de Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e adversário político que foi derrotado por Zema na corrida pelo governo de Minas Gerais. Kalil ofereceu sua visão cética sobre as intenções presidenciais de Zema, comparando-o a Padre Kelmon, um candidato aliado a Bolsonaro na última eleição presidencial. Ele salientou que Zema está utilizando a estrutura do governo para sua autopromoção e insinuou que o governador deveria ser mais transparente em suas aspirações políticas.
Divergências sobre a liderança política
Além de Engler e Kalil, o deputado Cristiano Caporezzo (PL) também se manifestou, endossando as críticas ao que chamou de conveniência na atuação dos governadores de direita. Caporezzo declarou que aqueles que se posicionam ao lado do STF são, na verdade, admiradores do que denominou “careca ditador togado”, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes. Por trás dessas declarações está uma preocupação com a autenticidade política que, segundo Caporezzo, está sendo ofuscada pela busca de interesses pessoais e conveniência.
O futuro político de Zema
À medida que se delineia a pré-candidatura de Romeu Zema à presidência, a crítica se intensifica. O governador precisará equilibrar suas ambições políticas com a dinâmica atual da direita brasileira, que está em constante transformação. O cenário revela uma tensão crescente, onde os laços políticos e as alianças são constantemente questionados em nome de uma autenticidade que parece se perder em meio a interesses eleitorais.
Enquanto isso, a questão sobre o papel de Zema no contexto mais amplo da direita brasileira permanece em aberto. Se ele consegue realmente se desvincular de Bolsonaro ou se a sua estratégia é meramente uma forma de conquistar novos suportes, somente o tempo dirá. O governador se vê agora em uma encruzilhada política, onde suas decisões podem impactar não apenas seu futuro, mas também o futuro político de Minas Gerais e do Brasil.
As declarações de deputados do PL e de Kalil refletem uma divisão clara dentro do eleitorado de direita, onde as disputas internas podem se tornar mais evidentes à medida que as eleições se aproximam. O que resta saber é se Zema conseguirá manter sua base enquanto navega por essas águas turbulentas e se realmente pode se apresentar como um líder independente no cenário político nacional.
