Um dia após a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para monitoramento em tempo integral do ex-presidente Jair Bolsonaro, policiais penais do Distrito Federal foram posicionados em frente à sua residência, em Brasília. A ordem de vigilância foi uma resposta a um suposto risco de fuga do ex-presidente, que enfrenta sérias acusações.
Vigilância 24 horas e acessos controlados
Pela manhã, agentes à paisana realizaram o controle de acesso de pessoas no condomínio Solar de Brasília, onde Bolsonaro reside. Desde o início da tarde, três policiais permaneceram em uma viatura discreta em frente ao imóvel do ex-mandatário. Contrariando dias anteriores, a rua não foi interditada pela equipe de segurança do condomínio, embora a entrada ainda exija identificação junto aos seguranças locais.
Motivos da decisão de monitoramento
A decisão de Moraes para a vigilância constante foi baseada em um documento que sugere que Bolsonaro estava elaborando planos para deixar o país. A medida gerou críticas de seus familiares, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o filho Jair Renan, que expressaram preocupação com as repercussões da determinação. Apesar das objeções familiares, o ministro destacou que as ações foram “absolutamente necessárias e adequadas”.
A vigilância acontece em um momento delicado para Bolsonaro, que, junto com seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por coação no curso do processo e pela tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As acusações decorrem de supostas articulações para aumentar as sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
Documentos que levantam suspeitas
No relatório final da PF, foi mencionada a descoberta de uma carta no celular de Bolsonaro, destinada ao presidente da Argentina, Javier Milei, solicitando asilo político. O documento, datado de fevereiro de 2024, sugere que o ex-presidente “planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal”, conforme a corporação. Moraes usou esta carta como uma das justificativas para estabelecer o monitoramento do ex-presidente.
O ministro destacou que os elementos de prova obtidos pela Polícia Federal indicam que Jair Messias Bolsonaro possuía um documento que facilitar iria sua evasão do território nacional, especialmente após a implementação de medidas cautelares.
Reação política e posicionamentos oficiais
A decisão recente de Moraes foi tomada em resposta a informações apresentadas pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) na mesma semana, que alertou sobre um potencial risco de fuga. Em resposta, Moraes solicitou uma posição da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou favoravelmente à proposta de vigilância ao ex-presidente.
Essa situação delineia um panorama tenso na política brasileira, onde a trajetória de Bolsonaro continua sendo marcada por controvérsias e investigações. O monitoramento em sua residência ressalta a gravidade das acusações que enfrenta e o clima de incerteza política que permeia o país.
À medida que essa história se desenrola, muitos observadores acompanharão de perto os desdobramentos legais e políticos, especialmente considerando as consequências potenciais tanto para Bolsonaro quanto para a nação.