O ex-presidente Donald Trump revelou nesta segunda-feira (26) que a Intel concordou em ceder 10% de participação acionária aos EUA, em uma movimentação que reforça sua influência no setor de tecnologia e defesa. A decisão ocorre em um momento de tensão política e econômica, e traz novos questionamentos sobre a relação entre o governo e as grandes corporações americanas.
Investimento de US$ 8,9 bilhões na Intel e nova diplomacia econômica
O investimento de US$ 8,9 bilhões na fabricante de chips será financiado por subsídios já aprovados pela Lei dos Chips e Ciência dos EUA, além do programa Secure Enclave, segundo informações da própria Intel. A quantia totalizada chega a US$ 11,1 bilhões após aportes anteriores, sendo uma estratégia de Trump de reforçar a soberania tecnológica do país. Apesar de o governo permanecer como proprietário passivo, a mudança foi vista como uma nova forma de diplomacia econômica, surpreendendo Wall Street e Washington.
Repercussões e impactos no mercado
Após o anúncio, as ações da Intel dispararam, impulsionadas pelo otimismo de investidores. A BMW, RTX e Northrop Grumman também registraram alta, refletindo o efeito positivo das estratégias de Trump no mercado de defesa e tecnologia. Segundo analistas, a movimentação indica uma tentativa de garantir maior controle sobre cadeias de suprimento e tecnologia sensível, como terras raras e componentes essenciais para semicondutores.
Setor de defesa sob o olhar de Lutnick
Durante entrevista à CNBC, Howard Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald, comentou sobre o papel do governo na indústria militar. Ele afirmou que a Lockheed Martin, maior fornecedora de defesa dos EUA, funciona quase como um braço do governo, destacando seu compromisso com contratos de alta escala, como os caças F-35 e F-22. Lutnick também levantou questões sobre a economia dessas operações, indicando que há uma discussão pública e privada sobre os custos e a sustentabilidade das compras militares.
Debate sobre financiamento e influência do Estado
Segundo Lutnick, há uma necessidade de repensar como o governo financia suas aquisições, especialmente no setor de munições e produtos de defesa. Ele alertou para a importância de uma discussão mais ampla sobre o papel do Estado na economia de defesa, destacando que muitas dessas empresas dependem significativamente de recursos públicos.
Reação e posicionamentos oficiais
A Lockheed Martin afirmou que mantém seu relacionamento com o governo dos EUA na defesa nacional, registrando incremento em seus contratos e atividades. Por outro lado, a porta-voz da Boeing e representantes de Northrop Grumman evitaram comentar diretamente as declarações de Lutnick, enquanto outros líderes de empresas como General Dynamics e SAIC não responderam às solicitações de entrevista.
Reação do mercado e próximas movimentações
As ações das empresas de defesa tiveram alta após as declarações de Lutnick, refletindo o cenário de otimismo. Em paralelo, Trump reforçou seu papel na política de investimentos, com sua administração negociando um acordo que garante participação de 10% na Intel, além de fortalecer alianças com o setor de defesa e tecnologia.
Perspectivas futuras
Analistas avaliam que essas movimentações indicam uma estratégia de Trump de ampliar sua influência na economia americana, especialmente no setor de defesa e tecnologia, fortalecendo a soberania nacional e reestruturando as formas de diplomacia econômica. Com o governo atuando como acionista passivo, o desafio será equilibrar interesses públicos e privados em um cenário de tensões internacionais e disputas por tecnologia avançada.
Para acompanhar os desdobramentos dessas ações, continue atento às próximas declarações oficiais e movimentações do mercado financeiro, que podem definir o rumo da economia de defesa dos Estados Unidos.
Fonte: O Globo