O setor de pescados brasileiro já acumulou perdas de US$ 182 milhões desde que os Estados Unidos aumentaram para 50% a tarifa de importação de produtos brasileiros, em julho. Segundo Eduardo Lobo Naslavsky, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), a crise gera preocupação e a necessidade de liberação de créditos pelo governo para evitar demissões em massa.
Impacto da sobretaxa e necessidade de crédito
De acordo com Naslavsky, as linhas de crédito anunciadas pelo governo são adequadas, mas a liberação precisa ocorrer até a primeira quinzena de setembro. Caso isso não ocorra, estima-se que o setor começará a demitir trabalhadores. As empresas precisam de cerca de R$ 700 milhões para enfrentar o momento crítico, garantindo fluxo de caixa e preservação dos empregos.
Medidas adotadas para manter a produção
Enquanto busca uma solução diplomática entre Brasil e Estados Unidos, os empresários adotaram três estratégias principais: vender os pescados prontos para exportação com até 40% de desconto, negociar cortes vendidos aos EUA com o mercado asiático, que resultou na redução de 30% nos preços, ou obter financiamentos para estocar os produtos na esperança de uma eventual redução da tarifa.
“Gostaríamos de saber qual das alternativas foi a mais eficaz, mas todas resultaram em prejuízos. Entretanto, essas ações ajudaram a manter parte do fluxo de caixa”, afirmou Naslavsky. Ele destacou que, cerca de 65% a 70% do pescado já foi vendido, mas o estoque restante ainda aguarda negociações e possíveis readequações de preços.
Perspectivas para o setor e o papel da União Europeia
O setor acredita que a melhor saída seria a liberação da venda de pescados à União Europeia, suspensa por questões sanitárias, mas que, segundo a Abipesca, já seriam superadas. Para isso, é necessário apenas que uma auditoria do representante da UE no Brasil seja realizada, previsão para os próximos 12 meses, embora negociações políticas possam acelerar esse processo.
“Precisamos do empenho político do presidente Lula para diminuir nossa dependência do mercado americano e ampliar as oportunidades de exportação”, afirmou Naslavsky. A expectativa é que a reabertura do mercado europeu traga alívio às empresas, pelo menos na perspectiva de diversificação das vendas.
Crise prolongada e impacto na economia
O presidente da associação ressaltou que, se o crédito não for liberado rapidamente, haverá uma onda de demissões em setembro. Além disso, o setor tenta se adaptar às dificuldades atuais, vendendo parte do estoque a preços reduzidos e buscando novos mercados na Ásia e outras regiões.
Para o especialista, a situação ressalta a importância de políticas rápidas e eficientes para garantir a continuidade do setor e evitar um impacto ainda maior na economia brasileira. As negociações diplomáticas continuam sendo prioridade para minimizar os prejuízos e preservar o emprego dos milhares de trabalhadores do segmento.