A congressista republicana Marjorie Taylor Greene (EUA) enfrentou forte repercussão após fazer comentários considerados racistas ao questionar a experiência de Jasmine Crockett, deputada democrata do Texas. Greene, que é branca, sugeriu que Crockett, negra, não compreende verdadeiramente a luta dos Black Americans, desviando o foco para fazer comentários sobre a “experiência negra”.
Desdobramentos das declarações de Greene sobre a experiência negra
Greene, durante uma entrevista, afirmou que Crockett tenta representar uma experiência que ela própria nunca viveu. “Ela finge entender a luta dos negros, mas na realidade, estudou em escola particular, fez faculdade e pós-graduação — é uma completa fake,” criticou a republicana. Essas declarações geraram rechazo nas redes sociais e na comunidade activist.
Jasmine Crockett respondeu às críticas via X (antigo Twitter), embora não tenha mencionado Greene diretamente. Ela reforçou que a presença de uma Black mulher em um cargo político de destaque, mesmo diante de ataques racistas, demonstra que o racismo não perdoa conquistas, independentemente do currículo.
A acusação de macroagressão
Especialistas e ativistas convocados por HuffPost classificaram a postura de Greene como uma macroagressão — ou seja, uma ação racista evidente ao focar na aparência física de Crockett, incluindo comentários sobre sua aparência e modo de falar.
Portia Allen-Kyle, advogada de direitos civis na organização Color of Change, destacou que tais ataques revelam o verdadeiro objetivo: desvalorizar o sucesso de mulheres negras. “Quando Greene fixa sua atenção na aparência de Crockett ao invés de suas ações ou palavras, ela perpetua um racismo antigo, que tenta diminuir toda uma comunidade”, afirmou.
Contexto político e a narrativa do “fraude”
Durante participação no podcast de Megyn Kelly, Greene reforçou suas críticas, alegando que Crockett “é uma farsa” por ter vindo de escolas privadas e por supostamente “fingir” compreender a luta racial. “Ela tenta parecer uma representante do povo, mas na verdade é uma impostora,” disse Greene.
Greene também comparou Crockett a figuras como Barack Obama e Kamala Harris, acusando-as de fingimento ou de “seu lugar no sistema”. Essas declarações reforçam uma narrativa de deslegitimação, comum entre setores conservadores que questionam a autenticidade de lideranças negras de destaque.
Reação de especialistas e ativistas
Portia Allen-Kyle afirmou que tais ataques são uma continuação da estratégia da extrema-direita de atacar a credibilidade de líderes negros, usando de ataques pessoais e racistas. “Greene demonstra sua ignorância, focando na aparência ao invés do conteúdo das palavras de Crockett”, pontuou.
Deepak Sarma, professora de Ciências Religiosas na Universidade Case Western Reserve, acrescentou que tais comentários de Greene representam uma tática clássica de projecção — atribuindo suas próprias impurezas ou preconceitos a outros. Segundo ele, esse tipo de ataque é uma tentativa de manter falsa superioridade cultural.
Implicações e o avanço do racismo político
Especialistas alertam que, à medida que esses tipos de ataques se tornam mais frequentes, eles contribuem para uma normalização do racismo no discurso político, como destacou Allen-Kyle. “Essas ações revelam uma tentativa de minar a representatividade negra, especialmente de mulheres, num cenário em que ainda há muita resistência e preconceito na política americana,” concluiu a ativista.
Mais uma vez, a narrativa racista de Greene evidencia o conflito estrutural: enquanto ela tenta deslegitimar Crockett, a presença da deputada no Congresso simboliza avanços na luta por equidade racial nos Estados Unidos.
Este episódio reacende o debate sobre racismo estrutural, a importância da representatividade e os perigos de discursos de ódio na política americana.