O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou seus ministros nesta terça-feira (26) a adotarem uma postura mais agressiva em relação à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS. A reunião, realizada nesta terça-feira, evidenciou a preocupação do governo com as recentes derrotas na comissão, especialmente com a escolha de oposicionistas para liderar a presidência e relatoria da CPI. Durante o encontro, Lula ressaltou a necessidade de voltarem à ofensiva para conter os desgastes enfrentados até o momento.
A pressão sobre os ministros
De acordo com fontes presentes na reunião, Lula se dirigiu ao ministro da Previdência, Wolney Queiroz, encorajando-o a não ter medo e a não se limitar à defensiva, mas sim a se engajar em uma postura proativa. Wolney foi convocado a prestar esclarecimentos na CPI e a pressão do presidente revela a urgência em reverter a narrativa negativa que tem prevalecido.
O objetivo da CPI e as acusações contra o governo anterior
Durante a reunião, Lula também enfatizou que a CPI deve ser uma oportunidade para investigar irregularidades e esclarecer a participação de todos os envolvidos em fraudes contra os aposentados. A estratégia do governo é apresentar os descontos indevidos aplicados aos aposentados como um problema que se intensificou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, ressaltando que a atual administração descobriu e está enfrentando esses esquemas desde abril.
Outro ponto crucial levantado foi o ressarcimento. Dos 2,548 milhões de beneficiários que poderiam solicitar reembolso, 1,925 milhão já foram indenizados pelo INSS, mostrando um esforço do governo em resolver a situação de forma eficaz.
Acordo na CPI e dilemas políticos
No decorrer da sessão da CPI, governistas chegaram a um acordo com deputados da oposição que deve ajudar a proteger Frei Chico, irmão de Lula, de ser convocado para depor. Em troca, eles concordaram em estender o escopo das investigações para abranger o período do governo de Dilma Rousseff. Além disso, um aliado do governo foi eleito para a vice-presidência do colegiado, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA).
O plano de trabalho proposto pelos opositores visa iniciar as investigações em 2015, durante a gestão Dilma. Embora inicialmente houvesse resistência por parte dos governistas, o acordo foi finalmente aceito sob a condição de que a votação de requerimentos em bloco só aconteceria com consenso sobre todos os nomes a serem analisados.
Gestão da crise e comunicação governamental
Em outra dimensão da reunião, o ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, apresentou o novo slogan do governo: “Governo do Brasil / do lado do povo brasileiro”. Essa mudança visa substituir o lema anterior “União e Reconstrução” e ocorrerá nos próximos dias, como parte de uma tentativa de revitalizar a imagem do governo e aproximá-lo da população.
Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também chamaram a atenção dos demais ministros para a necessidade de se fortalecer presença nos estados e fomentar comparativos objetivos entre suas entregas e aquelas do governo anterior. O presidente destacou que todos os ministros devem ter um entendimento amplo das ações do governo, não apenas nas suas respectivas áreas.
Olhando para o futuro
O cenário atual, marcado por investigações e a necessidade de articulação política, apresenta desafios significativos para o governo Lula. As cobranças por uma postura mais ativa em relação à CPI do INSS são um reflexo da urgência em mitigar os efeitos de uma narrativa negativa e, ao mesmo tempo, buscar soluções para os problemas que afligem os aposentados no Brasil.
Enquanto o governo se prepara para enfrentar os desafios impostos pelas investigações, o foco em suas realizações e em uma comunicação eficaz se tornam peças-chave na busca por apoio e legitimidade. Assim, a condução dessa política de transparência e resgate das credenciais governamentais será fundamental para a restauração de sua imagem nos próximos meses.
O governo é desafiado, portanto, a navegar entre defender suas ações e resgatar a confiança da população, tudo isso em um cenário de intensa pressão política.