Na abertura da 75ª Semana Litúrgica Nacional italiana, realizada na Catedral de Nápoles, o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin abordou o entrelaçamento entre a liturgia, a esperança e a fé, elementos fundamentais do ano jubilar. Em um evento que reúne cerca de 500 participantes, entre estudiosos e liturgistas, o cardeal enfatizou a importância de uma participação ativa dos fiéis nas celebrações, conforme desejado na mensagem de Leão XIV, que preludiou a palestra.
A liturgia como alimento da esperança
Durante sua palestra intitulada “A liturgia alimenta e vivifica a esperança”, Parolin ressaltou que a partir da liturgia, conformamos uma verdadeira experiência de Deus que transcende a fragilidade humana. A fé em Cristo, celebrada especialmente no Jubileu, é vista como “nossa esperança” e um convite à confiança na misericórdia divina. “A liturgia é o encontro onde o homem, oprimido por suas fraquezas, se entrega ao amor de Deus”, declarou o cardeal.
Para o cardeal, alimentar a fé e a esperança requer a vivência de uma experiência profunda com Deus durante as celebrações. Ele sublinhou que a contemplação na liturgia não deve ser apenas uma atividade passiva, mas um exercício ativamente transformador que nos leva a reconhecer a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo. “Precisamos captar a beleza da liturgia”, afirmou, destacando a importância do sacramento e da comunhão fraterna.
A inclusão como chave para a liturgia
A importância da inclusão também foi um foco central da reflexão de Parolin. Ele observou que a liturgia deve se tornar um espaço acolhedor, capaz de tocar todas as idades e realidades sociais. “A liturgia deve provocar admiração e ser um sinal de esperança para todos, incluindo crianças, jovens, adultos e imigrantes”, disse. O cardeal apontou que, em um mundo em constante busca por Deus, a Igreja deve refletir essa esperança por meio de suas celebrações.
Liturgia e vida: um abraço necessário
O cardeal Parolin também fez um apelo à conexão entre liturgia e vida cotidiana. Ele enfatizou que essa união é essencial para que a liturgia não apenas inspire esperança, mas também se torne uma real fonte de transformação para os fiéis. “Somente desta forma podemos ser realmente os artesãos da unidade na Igreja e na sociedade”, afirmou. A relação entre liturgia e vida é um caminho para responder àqueles que questionam a razão da nossa esperança.
Um lugar de acolhimento
Parolin expressou sua preocupação pelas realidades de conflitos, mencionando a paróquia da Sagrada Família, em Gaza City, como um exemplo de esperança em meio à devastação. Ele descreveu a paróquia como um dos poucos refúgios disponíveis, onde os cristãos se reúnem em meio à adversidade, e destacou que a liturgia deve ser um pilar de esperança e apoio nos momentos difíceis.
Busca espiritual e dom da paz
Ao concluir sua reflexão, o cardeal reiterou que a liturgia deve atender às necessidades espirituais das comunidades multiculturais na Itália. A paz, enquanto dom do Ressuscitado, deve ser o foco das celebrações, que têm o poder de promover uma verdadeira comunhão entre os fiéis. A aspiração é que cada celebração se converta num espaço de acolhida, onde a esperança se manifesta de forma concreta.
“Se quisermos que a liturgia seja um lugar de ação e esperança, precisamos nos lembrar de que ela começa através do acolhimento e da paz. A esperança é Cristo vivo e atuante na liturgia”, finalizou o cardeal. Assim, a abertura da 75ª Semana Litúrgica Nacional se apresenta não apenas como um evento, mas como um chamado à transformação espiritual e vivencial de todos os envolvidos.
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