Brasil, 26 de agosto de 2025
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Histórias de esperança nas ruas do Rio: desafios e sonhos

Na fila da comida, moradores de rua do Rio compartilham suas histórias trágicas e o desejo de recomeçar, enfrentando desafios diários.

No coração do Rio de Janeiro, na fila para receber comida, uma população em situação de rua revela não apenas desafios cotidianos, mas também sonhos de recomeços. Entre os relatos de desespero e esperança, o que se destaca é a luta de pessoas que buscam dignidade e oportunidades. O RJ2 teve a oportunidade de conversar com alguns desses cidadãos que, apesar de suas dificuldades, ainda nutrem a esperança de um futuro melhor.

Desafios diários e a falta de oportunidades

Fávio Silva da Cuz, de 47 anos, é um exemplo claro dos obstáculos enfrentados. Ele conta como perdeu uma oportunidade de emprego em um restaurante devido à falta de um endereço fixo. “Acabei perdendo um emprego porque não tinha um lugar pra poder passar a noite. Minha vontade é de voltar ao trabalho e ficar na beira do fogão de novo. Choro todo dia por causa disso. Quero só uma oportunidade, mais nada”, desabafa Fávio.

A história de Fávio reflete uma realidade alarmante. A cada dia, o número de pessoas em situação de rua no município aumenta, e as oportunidades para esse grupo se tornam mais escassas. Josué Cunha da Silva, de 33 anos, que vive nas ruas há três anos, compartilha sua perspectiva: “O que falta é uma atenção maior desses órgãos governamentais, oportunidade de trabalho, cursos”. Josué já trabalhou como barbeiro e fala inglês e espanhol, mostrando que, por trás da situação de rua, existem talentos e potencial inexplorados.

Sonhos de recomeço entre os moradores de rua

Entre os moradores de rua, os sonhos organizam seus dias. Um desses sonhos é de Sabrina, uma drag queen que deixa claro seu desejo de ser vista como artista. “Eu quero muito fazer novela, fazer teatro, cantar, dançar, eu escrevo também, poesia, música. Sonho sempre vem para quem sonhar”, afirma com entusiasmo. Atualmente, Sabrina dorme na casa mantida pela Ordem Franciscana da Igreja Católica, mas seu olhar está voltado para um futuro no mundo das artes.

Samuel também faz parte dessa narrativa. Enquanto aguarda sua vez para receber comida, ele retira um caderno amassado e começa a ler em inglês. “Esse caderninho é meu diário, fragmento da minha vida, são pensamentos que eu tenho. Aqui está escrito: Tem pessoas que vão tentar fazer você cair, mas seja forte e corajoso”, conta Samuel. Seu desejo é voltar a construir uma família e integrar-se plenamente à sociedade, mesmo dormindo sob uma marquise no centro da cidade.

Dados alarmantes sobre a população de rua no Rio

Segundo dados do último censo de 2022 realizado pela prefeitura, cerca de 7,8 mil pessoas estão vivendo nas ruas do Rio de Janeiro. Entretanto, uma pesquisa realizada pela UFMG aponta que o número real pode ser quase três vezes maior, superando 22,5 mil pessoas. Nesse cenário de crise, as 35 unidades de atendimento disponíveis na cidade oferecem apenas 3 mil vagas, uma quantidade insuficiente para atender a demanda crescente. Esta situação alarmante foi a razão pela qual o Ministério Público Federal propôs uma ação civil pública contra o município.

Claudio Santos, coordenador do Fórum da Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua, ressalta a necessidade de um comitê formado por órgãos do governo e representantes da sociedade civil para monitorar as políticas públicas voltadas para essa população. “Uma das nossas reivindicações tem sido a constituição do comitê intersetorial de acompanhamento da política municipal para a população em situação de rua, que é uma lei municipal, a lei 6.350 de 2018, que instituiu esse comitê”, explica Santos. O objetivo é garantir um diálogo efetivo entre a população em situação de rua e o poder público.

A luta pela dignidade e por um futuro melhor

Os relatos de Fávio, Josué, Sabrina e Samuel são apenas uma amostra de uma realidade que muitos enfrentam diariamente. A luta por dignidade, oportunidades de trabalho e um lugar para chamar de lar é uma batalha que exige atenção e ação imediata do governo e da sociedade como um todo. Enquanto políticas públicas não se efetivam, as histórias de tristeza e esperança continuam a se entrelaçar na vida dos moradores de rua do Rio.

As iniciativas e os desejos de um futuro melhor são um chamado à ação para todos nós. É fundamental que a sociedade se una para buscar soluções e apoiar aqueles que mais precisam. O recomeço, mesmo em meio a tantas adversidades, é um sonho que deve ser nutrido e valorizado.

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