O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta terça-feira (26) que o governo brasileiro vai tratar com respeito e bom senso os empresários americanos que investem no país, mesmo após a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos. Durigan destacou que, por enquanto, o governo brasileiro não pretende responder às ações dos EUA na mesma moeda, preferindo buscar negociações.
Diálogo e negociações diante das tarifas de Trump
Durigan ressaltou que o governo trabalha para estabelecer uma agenda de diálogo com os EUA, mas enfrentou dificuldades devido às atitudes de alguns setores no Brasil. “Houve uma quebra do respeito diplomático tão prezado na relação entre os países”, afirmou, durante evento promovido pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e o Council of the Americas, em São Paulo. Ele reforçou que o Brasil continuará conversando com empresários dos EUA e tratá-los-á com a devida atenção.
“Não faz sentido penalizar os empresários que apostam no Brasil”, declarou Durigan, que substituiu o ministro Fernando Haddad na ocasião. Ele ponderou que o ataque unilateral dos EUA compromete o horizonte de desenvolvimento do país, embora o Brasil tenha reduzido sua dependência de exportações ao mercado americano nos últimos anos.
Contexto internacional e impacto nas relações Brasil/EUA
O momento, segundo Durigan, é sem precedentes nas relações internacionais. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a atual fase é marcada pela desmontagem do sistema internacional estabelecido, impulsionada por potências que mais contribuíram para sua formação. Vieira afirmou que as altas tarifas aplicadas por alguns países violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e têm servido como forma de sanção e intimidação internacional.
Sobre o cenário político e econômico, o ex-embaixador dos EUA no Brasil, Tom Shannon Jr, comentou que a tarifa de 50% aplicada pelo governo americano tem uma conotação política, algo que, na sua visão, é bastante diferente do comportamento tradicional de práticas comerciais.
“Foi a primeira vez que a tarifa de 50% foi usada com finalidade política, e isso torna tudo mais complicado de negociar”, avaliou Shannon. Ele também destacou que o episódio reflete uma mudança no padrão de relação, influenciada pelo ambiente político interno dos EUA, especialmente após as eleições de Donald Trump.
Perspectivas futuras e impacto para o setor empresarial
Durigan afirmou que, apesar das dificuldades, o Brasil continuará buscando alternativas, incluindo a negociação com outros mercados, como Canadá, Índia e México, para diversificar suas exportações. Além disso, empresários brasileiros e estrangeiros têm tendência a priorizar áreas de oportunidade, como minerais críticos, produtos farmacêuticos e combustíveis sustentáveis.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, destacou a importância de separar questões políticas das econômicas, defendendo uma cooperação mais eficiente para promover o crescimento do setor privado entre os países.
O cenário internacional, pontuou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, é marcado por uma desregulação das tarifas máximas, o que pode exigir do Brasil uma postura mais firme na defesa de seus interesses e investidores. Ele também sugeriu que o país deve fortalecer sua legislação para oferecer maior segurança aos investidores estrangeiros, potencializando sua participação no mercado global.
Para o setor privado, a expectativa é que o diálogo e a diplomacia prevaleçam na resolução dessas tensões, garantindo o avanço das relações comerciais e o crescimento sustentável do Brasil.
Fonte: O Globo