Brasil, 26 de agosto de 2025
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Destruição de locais religiosos em Mianmar preocupa comunidades

Pesquisa indica a destruição de mais de 300 locais religiosos desde o golpe de 2021, incluindo a histórica Catedral do Sagrado Coração.

A situação em Mianmar se agrava a cada dia, especialmente para as comunidades religiosas que enfrentam um crescente ataque ao patrimônio cultural. Recentemente, pesquisadores independentes registraram a destruição de mais de 300 locais religiosos em todo o país desde o golpe militar de fevereiro de 2021. Entre os locais ameaçados, destaca-se a Catedral do Sagrado Coração, uma edificação histórica e significativa para os católicos locais.

Repressão religiosa sob a junta militar

A repressão ao patrimônio religioso tem se intensificado sob a Junta Militar, que agora planeja demolir a histórica Catedral do Sagrado Coração e pelo menos 19 outros locais religiosos em Taungoo, uma cidade na província de Bago. As informações sobre as demolições foram divulgadas pela UcaNews e confirmadas por organizações locais e líderes religiosos, gerando profunda inquietação nas comunidades.

A ordem de demolição se alinha a um padrão de intimidação e violência que tem afetado as instituições religiosas nos últimos anos. Desde o golpe, a junta não tem poupado esforços para eliminar qualquer vestígio de resistência religiosa ou civil. Os arguidos citam a expansão das escavações arqueológicas na cidade de Ketumati como justificativa, mas muitos veem isso como uma estratégia para atacar a própria identidade cultural e religiosa do país.

História e significado da Catedral do Sagrado Coração

A Catedral do Sagrado Coração tem raízes profundas na história de Taungoo, servindo como refúgio espiritual para gerações de católicos desde sua fundação pelos missionários italianos do PIME, que chegaram à então Birmânia em 1869. Durante o período colonial britânico, o terreno onde a catedral foi construída foi doado para essa comunidade. Ao longo dos anos, a catedral tornou-se um local de batizados, casamentos e outras celebrações religiosas, mantendo viva a fé em meio a adversidades.

A estrutura atual da catedral remonta a 1987, após danos significativos sofridos durante a Segunda Guerra Mundial e uma subsequente reconstrução. Em meio à crescente repressão, a comunidade católica da região expressa sua preocupação e possui dúvidas quanto ao futuro da catedral. Jacinta, uma paroquiana local, ressalta que, como grupo minoritário, “não ousamos expressar nossas preocupações, mas neste caso, até mesmo a religião majoritária está sendo oprimida”.

Impacto da violência e deslocamento religioso

A ordem de demolição da Catedral de Taungoo é apenas a última de uma série de ataques sofridos pela Igreja Católica em Mianmar. Os tumultos e a violência após o golpe militar forçaram o deslocamento de bispos de pelo menos várias dioceses, incluindo Hakha, Bhamo, Loikaw e Lashio. Agora, a sede episcopal em Taungoo se encontra sob ameaça, enquanto a insegurança para os fiéis aumenta.

Exemplos recentes dessa escalada de violência incluem o incêndio da Catedral de Bhamo, que ocorreu há apenas três meses, demonstrando a gravidade da situação. Além disso, pesquisas indicam que a devastação de mais de 300 locais religiosos em todo o país é parte de uma política calculada do líder militar Min Aung Hlaing para desmantelar a resistência civil e religiosa. O Governo de Unidade Nacional, que atua em exílio, denuncia essa estratégia como parte de um plano sistemático para minar a integridade cultural e religiosa da nação.

A resistência das comunidades religiosas

Para os católicos de Taungoo, a possível destruição da catedral representa um golpe devastador, muito além do que a perda de um prédio. Significa a fragmentação de uma vida religiosa que perpassa a história da cidade e o aumento da sensação de medo e privação de direitos entre as minorias. Apesar da dor e da incerteza, a determinação em continuar a vida espiritual permanece. As comunidades religiosas buscam conforto na fé e estão unidas em oração para que seus locais sagrados continuem vivos.

À medida que as escavadeiras se aproximam da Catedral do Sagrado Coração e dos mosteiros budistas, as vozes de esperança e resistência ecoam nas preces e na determinação da população de Mianmar. A luta pela preservação do patrimônio religioso é, na verdade, uma batalha pela dignidade e pelos direitos fundamentais de todos os cidadãos em um país profundamente ferido pela violência e opressão.

As comunidades de Mianmar continuam a fazer suas guerras silenciosas, reafirmando a importância da fé e da solidariedade em tempos de crise.

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