O número exato de empresas atingidas pelas tarifas de Donald Trump ainda está sendo definido, mas estima-se que cerca de oito mil negócios tenham sofrido impacto significativo. Segundo o economista Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, até o dia 8 de setembro todos os sistemas de financiamentos estarão prontos, com primeiras liberações de crédito previstas para a segunda quinzena do mês.
Pacote de socorro a exportadores prejudicados pelas tarifas
O governo detalhou as ações destinadas a auxiliar exportadores impactados pelo tarifamento, incluindo uma linha de crédito específica para facilitar a recuperação do setor. Segundo informações do O Globo, o pacote busca reduzir os prejuízos e evitar uma crise prolongada na economia brasileira.
Welber Barral, ex-ministro e especialista em comércio exterior, afirmou que a ajuda do governo é importante, mas “não há bala de prata” para resolver todas as dificuldades do setor. A medida, contudo, é vista como um apoio relevante diante do cenário de dificuldades.
Reação dos produtores e variações por setor
Durante visita ao Acre, o presidente Lula conversou com produtores de castanha que já encontraram novos compradores fora dos Estados Unidos, apontando que alguns produtos de demanda global, como café e castanha, têm maior capacidade de realocação. “Já estamos resolvidos, conseguimos outros compradores”, afirmou um deles ao presidente.
Por outro lado, setores mais dependentes de equipamentos sob medida, como o de máquinas e equipamentos, sofreram perdas mais severas. Segundo o relatório da BMJ Consultores, essa área pode desempregar até 15 mil pessoas, com exportações caindo 8,1% no semestre e reduzindo até 22,9% na comparação do primeiro trimestre com o mesmo período do ano passado.
Variações em setores específicos
Apesar de uma alta de 17,2% nas exportações de frutas, incluindo castanhas, e 31% nos pescados no semestre, a análise trimestral revela queda de 5,7% e 27%, respectivamente, no segundo trimestre comparado ao primeiro. Essas oscilações refletem estratégias de antecipação de compras, diante do aumento previsto de impostos de importação.
Perspectivas para o futuro
Especialistas indicam que a resolução rápida das dificuldades é improvável, prevendo uma crise prolongada. Caso o cenário não melhore, as empresas terão que buscar clientes em outros países, ajustando sua produção e investindo em linhas de crédito específicas, como explica Guilherme Mello.
No setor de móveis, houve queda de 3% nas exportações, mas uma alta de 6,8% no semestre, impulsionada por antecipações de contratos. Ainda assim, o anúncio pelo presidente Trump de uma investigação que pode elevar Tarifas em 50 dias levou à suspensão de contratos, agravando a situação.
Crise e tensões comerciais
Segundo Mello, há expectativa de que os Estados Unidos eventualmente queiram negociar questões comerciais. Ainda assim, o momento atual é marcado por ações que parecem mais relacionadas a interesses políticos do que ao comércio legítimo, incluindo a continuidade do processo contra o ex-presidente Bolsonaro e uma possível “bala de prata” que não aparece no horizonte.
Quanto ao café, uma das principais commodities brasileiras, há um potencial de realocação de produção, mas o impacto na importação pelos EUA pode ser significativo se a relação comercial se deteriorar. A produção colombiana, menor que a brasileira, é vista como alternativa, mas com impacto na qualidade do produto final, que costuma ser uma mistura dos dois países.
Implementação das ajudas e cenário político
O governo brasileiro trabalha para até o dia 8 de setembro implementar todos os sistemas de crédito, com liberação inicial para as empresas a partir da segunda quinzena do mês. Enquanto isso, os governos estaduais, especialmente os de direita, focam na campanha eleitoral de 2026, deixando de lado o enfrentamento imediato dos problemas econômicos causados pelas tarifas.
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