Brasil, 26 de agosto de 2025
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Cacau fino na Bahia conquista mercado premium e registra valorização

Produtores baianos de cacau fino, como João Tavares, veem aumento na cotação e valorização do chocolate de alta qualidade

O município de Uruçuca, no sul da Bahia, destaca-se como um dos principais berços do chocolate fino no Brasil. Há mais de duas décadas, a Fazenda Leolinda, do produtor João Tavares, cultiva cacau especial destinado exclusivamente ao mercado de marcas premium, impulsionando a produção de chocolates de alta qualidade.

Cultivo de cacau fino eleva valor do chocolate premium na Bahia

Segundo João Tavares, produtor premiado internacionalmente, a produção de cacau fino demanda cuidado desde a seleção do fruto até o manejo pós-colheita. “Para ter o valor que tem, quanto menos intervenção, melhor. Geralmente, chocolate bean to bar só leva cacau e açúcar”, explica.

O ciclo do cacau fino é mais longo: envolve colheita, secagem, maturação e envio de amostras, podendo levar até seis meses para a produção do chocolate final, o que justifica a valorização pelo método artesanal e cuidado na produção.

Valorização do cacau especial aumenta na pandemia

Com a explosiva alta dos preços da commodity, que saiu de US$ 3 mil para US$ 8 mil por tonelada na Bolsa de Nova York, a produção de cacau fino enfrentou desafios. Muitos produtores passaram a priorizar quantidade em detrimento da qualidade. Atualmente, a associação que representa produtores de cacau fino paga cerca de 50% de prêmio sobre o valor de US$ 8 mil, incentivando a produção de alta qualidade.

A produtora Juliana Arleo comenta que, apesar da valorização, ainda há dificuldades para agregar valor ao produto. “Antes, o cacau especial custava o dobro do da commodity, hoje a diferença diminuiu, mas quem investe na qualidade ainda consegue pagar o esforço”, afirma.

Mercado de chocolates premium ganha espaço internacionalmente

Um exemplo de sucesso é o Chocolate Q, criado pela chef brasileira Samantha Aquim. Degustada pela Rainha Elizabeth II em 2012, a iguaria combina amêndoas da Bahia e um design exclusivo do arquiteto Oscar Niemeyer. Sua produção segue o conceito de chocolate bean to bar, ou seja, do grão à barra, com mínima manipulação industrial.

O especialista Bruno Lasevicius, presidente da Associação Bean to Bar Brasil, reforça a importância do método artesanal: “Para ter o valor que tem, quanto menos intervenção, melhor. Geralmente, chocolate bean to bar só leva cacau e açúcar.”

Desafios do aumento de custos e o ciclo do cacau

O crescimento na cotação do cacau também trouxe dificuldades: o ciclo do cacau fino é mais longo e exige mais cuidado. Segundo João Tavares, o ciclo completo pode levar até seis meses, e o produtor paga um preço mais alto por esse processo diferenciado. Com a alta, ele recebe, atualmente, um incremento de US$ 4,5 mil por tonelada pelo seu cacau especial, que é colhido, seco e maturado cuidadosamente.

Porém, o aumento dos preços da commodity prejudica a competitividade do cacau fino, com produtores que passaram a se interessar menos pelo mercado premium após a valorização emergencial. Lasevicius acredita que essa perda é momentânea e que o interesse deve retornar ao notar que a demanda por chocolates de alta qualidade continua firme.

Perspectivas e futuro do cacau fino na Bahia

João Tavares destaca que produz atualmente cerca de 450 quilos de cacau por hectare, acima da média do produto commodity, que fica em torno de 350 quilos. Ainda assim, a busca pela qualidade impede a maximização da produção, visando manter o padrão do chocolate premium.

Segundo ele, “seria possível produzir muito mais, mas não teria a qualidade desejada”, reforçando a importância do manejo cuidadoso para alcançar o padrão esperado pelo mercado internacional.

O crescente interesse global por chocolates artesanais e de origem coloca o cacau fino da Bahia em destaque, reforçando a necessidade de apoiar os produtores locais diante dos desafios de mercado e preços.

Fonte: GLOBO

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