A uma semana do início do julgamento do núcleo crucial da trama golpista, a maioria da população brasileira considera justa a prisão domiciliar imposta a Jair Bolsonaro (PL). De acordo com uma pesquisa da Genial/Qaest divulgada recentemente, 55% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente deve permanecer sob monitoramento em casa. Além disso, 52% afirmam que ele participou da tentativa de golpe após as eleições de 2022, refletindo um aumento de 5% em relação à percepção de dezembro do ano passado.
Opiniões divididas entre os eleitores
O levantamento também destacou que a percepção dos eleitores “nem-nem”, aqueles que não se identificam com nenhum dos dois lados — esquerda ou direita —, tem um papel significativo na opinião geral. Esses eleitores agora somam 58% que veem Bolsonaro como culpado pela tentativa de golpe. Em dezembro, o índice era de 45% entre esse grupo.
Em termos de justiça da prisão domiciliar, os números mostram uma clara divisão: enquanto 55% da população considera a medida justa, 39% dizem que é injusta, e 6% não souberam responder. Muitas pessoas interpretam a recente participação de Bolsonaro por videochamada nas manifestações do dia 3 como uma provocação ao ministro Alexandre de Moraes. 57% dos entrevistados têm essa percepção, enquanto apenas 30% acreditam que o ex-presidente não entendeu as proibições estabelecidas.
As consequências do julgamento marcado para setembro
A primeira sessão do julgamento de Bolsonaro, ao lado de outros sete aliados, está agendada para o dia 2 de setembro e se estenderá até o dia 12 do mesmo mês. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, reconheceu que o julgamento traz um “grau de tensão para o país”, o que reflete a alta expectativa e a polarização em torno do ex-presidente.
No julgamento, o relator Alexandre de Moraes deve dividir seu voto em dois blocos: o primeiro se concentrará nas questões levantadas pelas defesas e na análise das acusações. O segundo abordará a dosimetria das penas, caso haja condenação. Moraes deve iniciar sua leitura no dia 9 de setembro, o que deve atrair grande atenção da mídia e do público.
Investigação sobre tentativa de golpe
A prisão domiciliar de Bolsonaro resultou do entendimento da Polícia Federal de que ele tentaria obstruir as investigações. Mensagens recuperadas entre ele e seu filho, Eduardo Bolsonaro, revelaram ações coordenadas para pressionar autoridades brasileiras a partir dos Estados Unidos. Essas evidências, somadas ao indiciamento de Bolsonaro pela investigação, reforçam as alegações de seu envolvimento na trama golpista.
Em relação às expectativas dos brasileiros, a pesquisa indica que 86% da população já está ciente da situação jurídica de Bolsonaro. Essa percepção cresceu 13 pontos percentuais desde março. Outra pesquisa do Datafolha revelou que 48% dos entrevistados consideram que Bolsonaro deveria ser preso, contrapondo-se a 46% que rejeitam essa ideia. A agenda de anistia relacionada ao ex-presidente, por sua vez, tem se mostrado desfavorável ao apoio ao bolsonarismo, com 61% afirmando que não votariam em um candidato que prometesse anistia a ele.
Cenário político e o futuro de Bolsonaro
À medida que o julgamento se aproxima, a opinião pública sobre Bolsonaro continua a mudar. Os dados da pesquisa refletem não apenas um clima de descontentamento entre os adeptos de seu governo, mas também revelam como a percepção de um possível retorno ao cargo poderia impactar a política brasileira. Além disso, 49% acreditam que a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes seria injusta, enquanto 46% apoiam um possível impeachment do ministro.
Portanto, à medida que o julgamento de Bolsonaro e seus aliados se aproxima, o país observa ansiosamente o desenrolar deste capítulo que pode moldar o futuro político do Brasil e trazer um desfecho para uma das histórias mais polarizadoras da história recente.