Brasil, 26 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Violência no Brasil: 73% das mortes de jovens são de pessoas negras

Estudo da Fiocruz revela que a violência atinge desproporcionalmente negros entre jovens no Brasil.

Um alarmante relatório publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que três em cada quatro mortes de jovens por violência ou acidentes no Brasil, em 2022 e 2023, foram de pessoas negras. O estudo, divulgado nesta segunda-feira (25/08), faz parte do 1º Informe Epidemiológico sobre a Situação da Saúde da Juventude Brasileira: Violências e Acidentes, uma iniciativa da Agenda Jovem Fiocruz em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

Dados preocupantes sobre a violência entre jovens

O estudo apresenta dados chocantes que evidenciam uma grave desigualdade racial no Brasil, especialmente entre os jovens de 15 a 19 anos. As taxas de mortalidade por causas externas entre jovens negros atingem 161,8 por 100 mil habitantes, enquanto as taxas para jovens brancos e amarelos são significativamente menores: 78,3 e 80,8, respectivamente. Entre os indígenas, a taxa também é alarmante, alcançando 160,7 por 100 mil.

Outros dados presentes no relatório destacam que 65% das mortes de jovens, na faixa etária de 15 a 29 anos, ocorreram devido à violência ou a acidentes. Em contrapartida, somente 10% da população geral enfrenta essa realidade. Além disso, a desigualdade de gênero nas taxas de mortes por violência é evidente, com homens jovens morrendo oito vezes mais do que as mulheres. A faixa etária mais afetada é a dos jovens de 20 a 24 anos, que apresenta uma taxa de 390 mortes por 100 mil habitantes.

Cenários de morte

As circunstâncias dos óbitos também revelam realidades preocupantes. Entre os homens jovens, 57,6% das mortes ocorrem nas ruas, enquanto para as mulheres, o ambiente de maior risco é a própria casa, com 34,5% dos casos. Além disso, as mortes resultantes da intervenção policial são mais frequentes entre os jovens, representando 3% dos óbitos nessa faixa etária, em comparação com apenas 1% na população geral.

Desigualdade e falta de políticas públicas

A pesquisadora Bianca Leandro, da EPSJV, enfatiza que esses dados refletem a ideia de que a violência não afeta todos os indivíduos da mesma maneira. “A violência atinge de forma diferente dependendo da idade, gênero, raça e local em que o jovem vive. Isso mostra que as agressões estão diretamente ligadas às condições de vida e trabalho da juventude brasileira”, afirmou.

André Sobrinho, coordenador da Agenda Jovem Fiocruz, aponta para a ausência de políticas públicas como uma das principais causas desse fenômeno. “O direito à vida tem sido uma bandeira dos movimentos juvenis, porque a juventude é quem mais sofre com a violência letal. Não basta mostrar os dados alarmantes, é preciso atacar as causas: como a sociedade enxerga os jovens e a falta de políticas que os protejam”, ressaltou.

Ações necessárias para mudar o cenário

Os dados apresentados no Informe da Fiocruz ressaltam a urgência de políticas públicas eficazes voltadas para a juventude, que levem em consideração a diversidade étnico-racial e as realidades regionais. Programas de prevenção à violência, fomento à educação e oportunidades de trabalho são essenciais para promover um ambiente mais seguro e equitativo para os jovens brasileiros, especialmente aqueles que pertencem a grupos historicamente marginalizados.

A insegurança vivida de forma intensa pelas juventudes negras é uma questão que exige a participação ativa da sociedade civil, além do comprometimento das autoridades. A implementação de políticas públicas eficazes pode não apenas reduzir as taxas de mortalidade, mas também promover um clima de paz e segurança essencial para o futuro da juventude no Brasil.

Por fim, é fundamental que a sociedade tome consciência da seriedade da situação e se mobilize em prol de um mundo onde todos os jovens tenham o direito à vida, independentemente de sua cor ou origem.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes