Brasil, 25 de agosto de 2025
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Um ano após incêndios, produtores de cana enfrentam desafios em SP

Após um ano da onda de incêndios, produtores de cana no interior de SP lidam com perdas e implementam medidas de prevenção.

Em agosto de 2024, o estado de São Paulo vivenciou uma das piores ondas de incêndios da sua história, que devastou plantações e áreas de preservação, especialmente nas regiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Um ano depois, as consequências ainda são sentidas no setor sucroalcooleiro, que enfrenta uma redução de 9% na moagem de cana na safra vigente em comparação ao ciclo anterior, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).

Impactos dos incêndios na safra de cana

Os incêndios de agosto de 2024 não apenas destruíram vasta extensão de vegetação, mas também causaram graves prejuízos econômicos aos produtores de cana. Conforme relatado por Almir Torcato, diretor executivo da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canaoeste), muitos produtores ainda enfrentam o desafio de replantar áreas totalmente destruídas. “Às vezes a cana que pega fogo é uma cana que não fez aniversário ainda, não está perto do ponto de colheita”, explica ele, destacando as perdas significativas de produtividade e investimento em insumos.

Um relatório da Canaoeste indica que cerca de 658,6 mil hectares de plantações foram destruídos, com apenas um dia causando perdas de 328,2 mil hectares. Nos canaviais, aproximadamente 231,8 mil hectares foram afetados, sendo 132 mil hectares correspondentes a áreas que ainda seriam colhidas. “Cerca de 20% das raízes nos canaviais atingidos foram completamente perdidas”, detalha Torcato.

Prejuízos e a recuperação lenta

Além da extensão das áreas destruidas, a produtividade da safra 2024/2025 também foi afetada. A moagem de cana por hectare caiu quase 15%, de 90,6 para 77,6, conforme divulgado pela Unica. “A primeira colheita do cana replantada só deve ocorrer em 2026, o que acentuará a escassez de matéria-prima nos próximos anos”, alerta Torcato.

Com a colheita de cana agora sendo 100% mecanizada, os incêndios se tornaram um grande entrave para as usinas. “O incêndio é um transtorno porque a gente não está preparado mais pra colheita de cana queimada”, lamenta o diretor da Canaoeste. Isso não afeta apenas a produção de açúcar e etanol, mas também a cogeração de energia elétrica nas usinas.

Medidas de prevenção contra novos incêndios

Para minimizar os danos causados por novos incêndios, os produtores de cana, em parceria com diversos órgãos, implementaram uma série de medidas preventivas. Entre elas, destacam-se o monitoramento via satélite, que funciona 24 horas, emitindo alertas em tempo real ao detectar focos de incêndio, e um plano de auxílio mútuo entre os produtores para coordenar esforços conjuntos de combate ao fogo.

Além disso, foram introduzidas estratégias de manejo agrícola para priorizar a colheita das áreas mais suscetíveis e evitar o acúmulo de material biológico seco, que poderia servir como combustível. Os próprios produtores também participam de treinamentos, orientados sobre como agir em situações de incêndio, embora a recomendação seja evitar confrontos diretos com as chamas.

Possibilidade de novos incêndios intensos

As condições climáticas na região geram preocupação para o próximo período, já que o chamado “triplo 30” — um fenômeno em que a umidade do ar é inferior a 30%, as temperaturas estão acima de 30°C e os ventos ultrapassam 30 km/h — propicia um ambiente favorável para incêndios. Enquanto o diretor da Canaoeste, Almir Torcato, se mostra cauteloso quanto a uma nova onda de incêndios no mesmo nível que a do ano passado, ele ressalta que os riscos permanecem elevados, especialmente com a chegada da época mais seca.

A última semana marcou novos episódios de incêndios fora de controle entre Igarapava e Rifaina, atingindo canaviais e levantando alarmes sobre a possibilidade de novos desastres. “Os riscos, eu acho, são os mesmos”, conclui Torcato.

Os desafios enfrentados pelos produtores de cana na região são significativos, mas a união e a implementação de medidas estratégicas podem oferecer um caminho para a recuperação e prevenção a longo prazo. A comunidade se mobiliza, em busca de um futuro mais seguro e sustentável para a produção de cana no estado de São Paulo.

Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca.

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