Brasil, 25 de agosto de 2025
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Trump e a manipulação da realidade através dos dados

A administração Trump enfrenta críticas por distorcer dados governamentais, ameaçando a confiança pública em estatísticas essenciais.

No primeiro mandato de Donald Trump, ele ficou conhecido por usar um marcador preto para alterar uma previsão de furacão, alegando que Alabama seria afetado pela tempestade – o que não era verdade. Agora, em seu segundo mandato, a situação se agrava, e o ex-presidente parece disposto a aplicar o mesmo truque a uma gama ainda maior de dados e fatos.

Uma guerra contra os fatos

Sem a supervisão de conselheiros responsáveis ou membros do Congresso dispostos a defendê-lo, Trump inicia uma verdadeira guerra contra qualquer dado que não lhe convier. Desde estatísticas econômicas que o colocam em uma luz desfavorável até dados de criminalidade que não apoiam sua busca por maior poder, a tendência é desconsiderar ou manipular essas informações.

O governo dos EUA, que já foi um padrão de excelência em dados confiáveis, corre o risco de se tornar tão crível quanto as afirmações de sua porta-voz, que frequentemente elogia suas “grandes conquistas”. Essa situação impacta todos nós, desde médicos que buscam manter a saúde da população até líderes empresariais que precisam tomar decisões difíceis baseadas em dados reais.

A distorção da realidade

Esse impulso de Trump para distorcer a realidade muitas vezes parece surrealdado, surgindo de sua necessidade de estar sempre certo. Estatísticas deveriam ser neutras; uma previsão do tempo não se importa com política, assim como os dados sobre desemprego, inflação ou saúde pública. Contudo, o uso do marcador foi apenas um vislumbre de algo mais preocupante: a vontade de manipular não apenas as narrativas, mas também as próprias medidas que usamos para compreendê-las.

À medida que nos dirigimos para o outono de 2025, é difícil não sentir que os números que antes confiávamos começam a perder o sentido. Quando os números de criminalidade de Washington, D.C., não se encaixam em sua narrativa? Trivialize-os. Quando um fraco relatório de empregos não o favorece? Afaste o responsável pela divisão de Estatísticas do Trabalho. Quando o censo contabiliza imigrantes indocumentados? Simplesmente exclua-os.

A nova lógica de Trump

Trump descobriu uma fórmula simples: se ele não gosta do número, ele o muda. Sua intenção não é apenas “marcar” furacões, mas também dados sobre empregos, economia e saúde. Se ele deseja avaliações favoráveis, ele escolhe instituições de pesquisa que apresentem os resultados que deseja ouvir. O número pode parecer correto, mas a metodologia por trás dele costuma estar manipulada.

Essa abordagem ignora a realidade. Os trabalhadores desempregados não desaparecem apenas porque os dados foram ajustados, e uma pesquisa com apoiadores não representa a verdadeira opinião pública. A eficácia dos dados governamentais está em sua capacidade de informar a população sobre direções econômicas e sociais.

A necessidade de dados confiáveis

Dados são a essência do governo federal. Durante gerações, estatísticas federais têm sido a bússola pela qual os americanos navegam nos desafios da vida real e política. O Bureau de Estatísticas do Trabalho nos diz se a economia está crescendo ou se contraindo. O Censo mede a população que determina o poder político e o financiamento federal. Agências como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças monitoram surtos e taxas de mortalidade, enquanto a EPA avalia a qualidade do ar e da água que consumimos.

Se os números do governo se tornam duvidosos, outras entidades precisam assumir esse papel. Estados têm a capacidade de acompanhar a criação de empregos, ocupação de leitos hospitalares e disseminação de doenças. As empresas também estão equipadas para medir a saúde econômica em tempo real.

Quem pode substituir o governo?

Se o governo federal abdica de sua função de contar e medir a vida coletiva, cabe a governadores, universidades e organizações privadas preencher essa lacuna. As informações podem ser compartilhadas de maneira confiável por meio de organizações sem fins lucrativos e veículos de mídia, criando um modelo de “verdade distribuída” — embora não ideal, pode ser um salvaguarda em momentos de crise.

Essa nova dinâmica, mesmo que não perfeita, poderia fornecer uma imagem mais clara do estado da nação. Contudo, a falta de um consenso sobre a veracidade dos números pode dificultar a resolução de problemas comuns.

É fundamental que o público permaneça atento a essa manipulação. Se aceitarmos números distorcidos, as mentiras se tornam parte do registro oficial. Mas se reagirmos, o poder do “marcador” de Trump perderá a força. O debate que se aproxima não será apenas político; será sobre quem podemos confiar para contar, medir e avaliar a vida coletiva dos cidadãos.

Em última análise, sem dados confiáveis, ficaremos impossibilitados de compreender e resolver nossos problemas.

Para mais reflexões de Michael Steele, Alicia Menendez e Symone Sanders-Townsend, assista ao programa “The Weeknight” de segunda a sexta-feira, às 19h ET, na MSNBC.

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