O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu nesta semana pela demissão de Lisa Cook, governadora do Federal Reserve (Fed), sob alegações de falsificação de documentos em pedidos de hipoteca. A medida, considerada legalmente questionável, representa um desafio inédito à autonomia da autoridade monetária americana.
Por que Trump quer a cadeira de Lisa Cook?
Com a saída de Lisa Cook, Trump aumenta sua influência sobre o conselho do Fed, nomeando alguém mais alinhado com seu governo. A intenção do ex-presidente é reduzir a resistência às suas propostas de política monetária, especialmente no contexto de críticas ao atual presidente do banco central, Jerome Powell, por não reduzir as taxas de juros.
O conselho do Fed possui sete membros, sendo três indicados por Trump. A demissão de Cook poderia consolidar uma maioria favorável às posições do ex-presidente, colocando em risco a independência da instituição. A nomeação de novos membros alinhados ao governo é vista por analistas como uma manobra de Trump para ampliar sua influência no setor.
Questões legais da demissão
Embora Trump alegue ter usado a disposição legal que permite demitir um membro do Conselho de Governadores por justa causa, juristas questionam a legitimidade da medida. A legislação americana exige que seja demonstrada negligência ou má conduta comprovada, o que ainda não foi feito oficialmente no caso de Lisa Cook.
O anúncio da demissão ocorreu logo após o Departamento de Justiça indicar que investigará possíveis irregularidades na conduta da governadora, em uma ação iniciada após denúncia do diretor da Federal Housing Finance Agency, Bill Pulte. Segundo ele, Cook pode ter cometido fraude hipotecária ao falsificar documentos para obter condições de empréstimo favoráveis.
Acusações contra Lisa Cook e o contexto político
As acusações envolvem supostas fraudes em financiamentos pessoais, com uso de documentos de garantia de imóveis para reduzir juros. O Departamento de Justiça planeja aprofundar a investigação, que ocorre em meio a um momento de forte disputa política nos EUA.
Trump vem criticando duramente a política de juros do Fed, especialmente sua indicação de Jerome Powell para liderar o banco central, e busca fortalecer o seu legado na área. Recentemente, outro membro do conselho do Fed, Adriana Kugler, deixou a instituição, abrindo espaço para indicações alinhadas às posições do ex-presidente.
Impactos e perspectivas futuras
Analistas alertam que a tentativa de Trump de influenciar o Fed por meio de mudanças no seu quadro de governadores pode comprometer a sua autonomia e prejudicar a credibilidade da autoridade monetária. A possibilidade de substituição de membros atualmente independentes reforça o debate sobre a interferência política na política econômica dos EUA.
Enquanto isso, Lisa Cook permanece na função, indicando que a disputa judicial e política deve continuar nos próximos meses, num momento de alta tensão entre o Executivo e o banco central.
Mais detalhes sobre o caso podem ser encontrados na reportagem do O Globo.
