Brasil, 25 de agosto de 2025
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Nova obra de pórtico em Belford Roxo gera críticas e debates

A nova construção do pórtico em Belford Roxo, orçada em R$ 108 mil, suscita polêmica entre moradores devido a problemas estruturais e prioridades.

A cidade de Belford Roxo, situada na Baixada Fluminense, se prepara para a construção de seu terceiro pórtico em apenas três décadas. A nova estrutura, que custará aproximadamente R$ 108 mil, será nas cores azul e branca, fazendo alusão à tradição estabelecida durante a primeira gestão municipal de 1993. Isso marca uma mudança significativa, já que o pórtico anterior, construído em 2017, pelo ex-prefeito Wagner dos Santos Carneiro (Waguinho), era adornado em tons de laranja e custou R$ 200 mil.

Pólis em crise: críticas à prioridade da obra

Embora a mudança na estrutura tenha sido anunciada, a decisão de construir um novo pórtico gerou reações negativas entre os residentes locais. Muitos questionam a prioridade concedida à obra em um contexto onde a cidade apresenta diversas carências estruturais. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) revelou que Belford Roxo possui o pior índice socioeconômico do estado, considerando fatores como geração de empregos, educação e saúde.

Bairros como Santa Maria, Roncali e Lote XV enfrentam sérios problemas, e muitos moradores, como a técnica de enfermagem Andrea Carla, expressam suas preocupações. “Está faltando saneamento, educação para as crianças, colégios, hospitais, falta segurança. Todos nós queremos uma cidade melhor para os nossos filhos, mas será que é necessário construir um novo monumento?”, questiona Andrea. A aposentada Elaine Silva dos Santos, que reside na cidade há 40 anos, complementa dizendo que “Belford Roxo está um caos. A saúde, por exemplo, é uma prioridade. A troca do pórtico é desnecessária”.

Justificativas da prefeitura: segurança em primeiro lugar

O atual prefeito, Márcio Canella (União Brasil), defende a obra afirmando que a decisão de construir um novo pórtico foi baseada em avaliações técnicas que identificaram corrosão na estrutura anterior, representando um risco para a população. Ele explicou que, em decorrência de uma inspeção, ficou claro que a antiga estrutura poderia cair a qualquer momento, e a nova obra se faz necessária para proteger a população. “Tem laudo mostrando que a estrutura estava corroída. Isso podia cair hoje, amanhã, ou daqui a um tempo. A gente preferiu gastar um dinheiro e reforçar para afastar a hipótese de uma tragédia”, afirmou Canella.

Em resposta às críticas, o prefeito assegura que a obra não é motivada por questões políticas e que visa apenas restaurar a identidade visual da cidade nas cores originais. “A cidade sempre foi azul e branca. Estamos colocando Belford Roxo de volta na sua cor, a cor que representa sua história”, comentou. Canella também citou resultados positivos de seu governo, afirmando que a população está satisfeita com sua gestão, que prevê salários de servidores em dia e limpeza urbana mantida.

História dos pórticos: tradições e polêmicas

O primeiro pórtico da cidade foi erguido em 1995 pelo então prefeito Jorge Júlio da Costa Santos, conhecido como Joca. Com formato de coração, ele simbolizava a emancipação de Belford Roxo, ocorrida em 1990. A posterior demolição da estrutura por Waguinho, sem consulta à população, gerou descontentamento entre os moradores, que agora observam mais uma mudança. O novo pórtico promete uma iluminação especial, sinalização viária e a inscrição “Seja bem-vindo”, e terá sua entrega prevista até o fim de agosto.

Ainda assim, a cidade ocupa o 15º lugar entre os 92 municípios do estado em residências ligadas ao esgotamento sanitário, de acordo com dados do IBGE. Essa realidade provoca reflexões sobre a real prioridade que a liderança municipal deveria ter. Para muitos moradores, a construção de um novo pórtico não é a solução para os problemas que afligem a cidade, mas sim um simbolismo de decisões que precisam ser repensadas.

A polêmica em torno do pórtico de Belford Roxo evidencia a complexidade das demandas sociais da cidade e destaca a necessidade urgente de priorizar investimentos que realmente impactem a qualidade de vida dos cidadãos, seja através de melhorias em infraestrutura, educação, saúde ou segurança. O tempo dirá se a controvérsia em relação à nova construção trará luz a um debate mais amplo sobre a direção que a cidade deve seguir.

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