Após uma semana marcada por volatilidade nos mercados globais, a atenção dos investidores nesta segunda-feira (25) está voltada para a possível redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). O dólar iniciou o dia com queda, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre em alta às 10h, refletindo o otimismo com o cenário de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.
Discurso de Powell alimenta especulações de corte de juros
Durante discurso na reunião de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou que o primeiro corte de juros em oito meses pode estar próximo. Ele destacou que sinais de desaceleração do mercado de trabalho e do PIB estadounidense indicam espaço para redução das taxas, embora advirtisse sobre os riscos associados às tarifas comerciais impostas pelo governo Trump.
“Os últimos relatórios indicam uma desaceleração acentuada na oferta e na demanda por trabalhadores, o que abre espaço para uma política mais acomodatícia”, afirmou Powell. Analistas apostam em uma probabilidade elevada de corte na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de setembro, conforme dados da London Stock Exchange (LSEG).
Reação do mercado: dólar em baixa e ações em alta
As declarações de Powell animaram investidores ao redor do mundo, resultando na queda dos rendimentos dos títulos americanos. Quando os juros descem, o atractivo de investir nos EUA diminui, levando à desvalorização do dólar em relação a outras moedas. Essa movimentação favorece as ações de empresas de capital aberto, incluindo as brasileiras, que acompanharam a tendência positiva.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, reforça que “a combinação de dólar mais fraco, rendimentos menores e juros em queda tende a beneficiar o mercado de ações”. Assim, Wall Street registrou avanços: o Dow Jones subiu 1,89%, o S&P 500 avançou 1,51% e o Nasdaq fechou em alta de 1,88%.
Impacto nas bolsas globais e tendências do mercado asiático
Nas bolsas europeias, a expectativa de uma possible redução dos juros norte-americanos ajudou a impulsionar o índice STOXX 600, que subiu 0,40%, atingindo seu maior nível em mais de cinco meses. Londres, Frankfurt, Paris, Milão e Madri também fecharam em alta, enquanto Lisboa foi a única a registrar queda de 0,50%.
Na Ásia, o otimismo renovado levou o índice de Xangai a registrar seu maior avanço em dez anos, com alta de 1,45%. O CSI300, que reúne grandes empresas de Xangai e Shenzhen, cresceu 2,1%, atingindo o maior nível em dez meses e fechando a semana com ganho de 4,2%.
Indicadores econômicos e cenário doméstico
No Brasil, o Ibovespa abriu às 10h com valorização de 1,19% na semana, acumulando aumento de 3,68% no mês e 14,70% no ano. O dólar, por sua vez, acumulou alta de 0,51% na semana, mas registra uma queda de 3,12% no mês e uma desvalorização de 12,20% desde o início do ano.
A expectativa de cortes de juros nos EUA deve favorecer o mercado de ações brasileiro, além de influenciar o câmbio, que tende a permanecer mais fraco diante do cenário internacional. Nesta semana, a divulgação de indicadores econômicos e discursos de dirigentes do Fed continuam sendo fatores determinantes para os movimentos do mercado.
Segundo especialistas, o cenário aponta para uma continuidade da política de juros baixos nos Estados Unidos, o que pode manter a trajetória de valorização das ações e de desvalorização do dólar ao longo dos próximos meses.
Para mais detalhes sobre o câmbio e a bolsa, acesse a reportagem do G1.