Brasil, 25 de agosto de 2025
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Funcionárias da prefeitura de Belford Roxo desviam R$ 14 milhões

Um inquérito revela que servidoras discutiam receber comissão por repasses ilegais do Instituto de Previdência do município.

Um escândalo de desvio de verbas públicas tomou conta da cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Funcionárias da prefeitura são acusadas de desviar R$ 14 milhões do Instituto de Previdência (Previde), e as investigações indicam que elas discutiam a possibilidade de receber uma comissão de 5% pelos serviços prestados. Os diálogos foram encontrados em um inquérito conduzido pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e aconteceram no final de 2024, durante a gestão do ex-prefeito Waguinho, que era aliado de duas das servidoras.

Detalhes do desvio

De acordo com o relatório final da Draco, assinado pelo delegado João Valentim dos Santos Neto, os R$ 14 milhões foram transferidos para 539 pessoas que não tinham qualquer vínculo legítimo com o Previde, órgão responsável por gerenciar os pagamentos a aposentados e pensionistas da cidade. O levantamento feito pelo jornal O GLOBO revelou que a lista de beneficiados inclui várias pessoas da mesma família e ex-funcionários do município que apoiaram a candidatura de Waguinho. Curiosamente, muitos desses beneficiados foram também nomeados na gestão atual de Márcio Canella (União), que acusa Waguinho de irregularidades.

A Secretaria de Administração da Prefeitura informou que os repasses foram realizados entre os dias 4 e 27 de dezembro de 2024, em um prazo incomum, e cerca de 100 pessoas receberam quantias superiores a R$ 40 mil no mesmo mês. Dos 539 beneficiados mencionados, apenas seis tinham algum respaldo legal para receber os pagamentos, sendo que mesmo esses apresentavam valores considerados incompatíveis em suas contas.

Comissão de 5% em discussões

O alcance das fraudes chegou a incluir discussões sobre comissões para quem estava envolvido na operação. Mensagens trocadas por Iolanda Curitiba de Souza Assis e Rosemery da Silva Barcellos Aleixo, que ocupavam cargos de liderança no Previde sob o governo de Waguinho, mencionam explicitamente uma comissão de 5% a ser paga pelo “operacionalização das transferências”. A situação levantou suspeitas suficientes para que a Polícia Civil realizasse operações que culminaram na busca e apreensão de provas, incluindo celulares das investigadas.

Nomeações e envolvimento político

Os pagamentos foram autorizados pelas mesmas funcionárias que foram nomeadas apenas dias após a eleição de 2024. Iolanda e Rosemery foram designadas para seus postos em 11 de outubro, pois pretendiam garantir acesso a privilégios em caso de uma vitória política. A Câmara de Vereadores havia arquivado um processo de impeachment contra Waguinho ainda em novembro, e a experiência anterior deletada por próxima disputa eleitoral, quando Matheus, seu candidato, não conseguiu se eleger.

Ao longo da investigação, foram revelados padrões de tráfico de influência e favorecimento a familiares, incluindo a família da ex-secretária de Infraestrutura, Suelen Corrêa de Medeiros, que recebeu R$ 441 mil em repasses. Este escândalo deve não apenas impactar os envolvidos diretamente, mas também arranhar a imagem política de Belford Roxo, que já enfrenta muitos desafios por parte da administração pública.

Respostas e repercussão

O ex-prefeito Waguinho negou as acusações e alegou ser alvo de uma “perseguição pessoal”. A atual administração, por outro lado, foi rápida em responder; após o contato do GLOBO, os funcionários que receberam os repasses sob suspeita foram exonerados. O prefeito Canella reiterou que as investigações são fundamentais para a transparência pública e que sua gestão não compactuará com irregularidades.

Porém, o escândalo está longe de ser resolvido. A atual prefeitura busca reaver os valores desviados e restaurar a confiança da população nas instituições locais, enquanto o caso continua a mobilizar discussão pública e judicial na região. Com pessoas influentes e laços políticos estreitos em jogo, as repercussões dessa história ainda prometem desdobramentos significativos nos próximos meses em Belford Roxo.

A situação se destaca pelas particularidades do contexto político e social local, onde a corrupção se configura como um desafio constante ao observar as ações de gestão pública. O cerne da questão é garantir que as práticas de transparência e responsabilização sejam cada vez mais efetivas no combate à corrupção e à má gestão dos recursos públicos, seguindo em direção a um futuro mais ético e responsável na política brasileira.

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