Na última semana, diversos correios internacionais, incluindo os nacionais, anunciaram a suspensão de remessas para os Estados Unidos em meio às mudanças nas regras de importação adotadas pelo governo americano. A partir de 29 de agosto, termina a isenção de tarifas para mais de 4 milhões de pacotes diários enviados ao país, o que tem criado insegurança nos serviços postais globais.
Por que o envio de remessas foi suspenso?
Segundo Sebastian Kummer, diretor do Instituto de Gestão de Transporte e Logística da Universidade de Economia e Negócios de Viena, as empresas suspenderam os envios devido às várias incertezas sobre a aplicação das novas tarifas. “Há muitas dúvidas sobre quem e como será cobrada a taxa, além de preocupações com custos extras como armazenamento ou devolução das remessas não aceitas pela Alfândega dos EUA”, explicou.
A mudança acontece num contexto de disputa comercial entre os EUA e países como China, que envolve tarifas elevadas e restrições ao comércio eletrônico internacional. Desde maio, encomendas de baixo valor enviadas de China e Hong Kong estão sujeitas a tarifas e regras mais rígidas, prejudicando o fluxo de remessas internacionais.
Impacto no comércio eletrônico e na importação
Antes das novas tarifas, o Brasil e outros países tinham uma “brecha” conhecida como \“minimis\”, que permitia a entrada de pacotes sem custos de importação e sem necessidade de documentação alfandegária. Essa isenção, vigente desde 2016, atendia a mais de 4 milhões de pacotes por dia, principalmente de lojas como Shein e Temu, que vendem para consumidores americanos.
Com o fim da isenção, os pacotes Classified como \“minimis\” passarão a pagar tarifas e serão tratados de acordo com as regras da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP). Presentes avaliados em menos de US$ 100 ainda poderão ser isentos, mas o volume de encomendas deve diminuir significativamente.
Repercussões globais e suspensões temporárias
Além dos Correios brasileiros, países como França, Reino Unido, Japão, Índia e Singapura anunciaram restrições ou suspensões parciais ao envio de remessas para os EUA. As principais razões apontadas envolvem as dúvidas sobre como será feita a cobrança das tarifas e as dificuldades logísticas decorrentes das novas regras.
Sebastian Kummer explica que muitas empresas interromperam os envios por medo de custos extras, como armazenamento ou devolução de pacotes rejeitados pela alfândega americana. A DHL, uma das maiores operadoras globais, destacou que a decisão foi tomada após questões ainda não resolvidas sobre a cobrança das tarifas e o procedimento de envio dos dados requeridos pela nova legislação.
Consequências para o mercado de varejo e consumidores
Segundo a análise de especialistas, o fim da isenção deve gerar um grande acúmulo de pacotes, semelhante ao que ocorreu no início do ano com remessas vindas da China. A medida também pode acarretar aumento nos preços de produtos importados nos EUA, uma vez que empresas como Walmart já relataram que tarifas elevadas estão elevando seus custos e preços finais.
De acordo com dados oficiais, o valor médio de cada pacote de importação originado do exterior é pouco acima de US$ 50. A expectativa é que o volume de remessas diminua, impactando o comércio eletrônico e o abastecimento de produtos acessíveis aos consumidores americanos.
Perspectivas futuras e riscos de atrasos
Especialistas alertam que a suspensão temporária pode gerar uma sobrecarga no sistema de logística e atrasos nas entregas. A expectativa é que, até que haja esclarecimentos e ajustes nas regras, o envio de encomendas para os EUA permaneça em níveis reduzidos ou totalmente suspensos por parte dos correios mundiais.
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