No último domingo (24/08), o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, destacou, durante a 46ª edição do “Encontro pela Amizade entre os Povos”, a importância do perdão e da justiça na construção da paz. Em uma entrevista à mídia vaticana, Zuppi enfatizou que “o perdão e a justiça constroem concretamente a paz”. Sua mensagem ressoou fortemente, especialmente em um contexto global marcado por conflitos e tensões.
A oração como ponto de partida para a paz
Durante sua participação no evento, o cardeal Zuppi afirmou que “a oração abre caminho para entrar na história”. Ele argumentou que a oração não deve ser vista como um último recurso, mas como o primeiro passo na busca pela paz. “É a escolha, a solidariedade e a atenção que devemos ter uns com os outros”, ressaltou. Zuppi também lembrou que a Igreja sempre se posicionou contra qualquer tipo de guerra, enfatizando que “não existe classificação dos conflitos” e que todos são partes de uma única guerra global.
“Nos lugares desertos construiremos com tijolos novos”
O tema do encontro, “Nos lugares desertos construiremos com tijolos novos”, também foi central nas reflexões de Zuppi. “Estamos vivendo um deserto terrível, provocado pelas escolhas dos homens e que gera sofrimento”, afirmou. Ele transmitiu uma mensagem de esperança de que, apesar das adversidades, é possível construir um futuro melhor. “Neste ano jubilar da esperança, precisamos entender que somos tijolos, capazes de contribuir para a construção de algo novo”, acrescentou o cardeal.
Histórias de reconciliação e perdão
O cardeal enfatizou que, além da oração e do jejum, é crucial promover a reconciliação. Durante o encontro, foram compartilhadas histórias tocantes de mães israelenses e palestinas que buscam a paz para seus povos, além da memória dos 19 mártires cristãos da Argélia. “Esses testemunhos podem, de fato, servir como base para reconstruir pontes, promovendo o diálogo e a escolha do caminho da reconciliação”, disse Zuppi.
A relação entre paz, justiça e perdão
Zuppi ressaltou que “não há paz sem justiça, e não há justiça sem perdão”. Ele citou a mensagem do papa João Paulo II sobre a importância da justiça e do perdão, especialmente em tempos de conflito. “É preciso lembrar que a verdadeira segurança não se encontra na força, mas no perdão”, explicou. O cardeal destacou que o perdão liberta tanto quem foi ofendido quanto quem ofendeu, e é um passo essencial para construir paz duradoura.
O papel da comunidade internacional na busca pela paz
O cardeal Zuppi fez um apelo à comunidade internacional, questionando se estamos fazendo tudo o que podemos para evitar os conflitos atuais. “Precisamos nos perguntar se estamos efetivamente contribuindo para a paz”, disse. Ele lembrou que, durante sua viagem à Hungria, o papa Francisco desafiou todos a refletirem sobre suas ações em relação aos conflitos que continuam a atormentar o mundo. O chamado à diplomacia e ao diálogo foi fortemente enfatizado, com Zuppi afirmando que “a ONU precisa fazer mudanças, mas não podemos recuar de nossas responsabilidades.”
A paz como responsabilidade coletiva
Para Zuppi, a construção da paz é uma responsabilidade de todos, e afirmou que “não é um assunto opcional, mas uma emergência que nos envolve a todos”. Ele concluiu sua mensagem reiterando que a paz deve ser um esforço coletivo, que começa com a palavra de perdão e se estende até a criação de um mundo mais justo e solidário. O cardeal deixou claro que todos nós temos um papel na construção de um futuro melhor, onde a paz prevalece sobre a guerra.
O encontro em Rimini foi uma oportunidade valiosa para compartilhar ideias, reflexões e experiências que podem inspirar a construção de um mundo mais pacífico e justo, seguindo os passos dos grandes líderes da história que acreditaram no poder do perdão e da justiça.
