A Bodytech projeta uma das maiores mudanças desde sua fundação em 2004. A rede de academias premium anunciou planos de expandir sua presença no Brasil, com a abertura de cem novas unidades até o final de 2027, por meio do modelo de franquias, que será adotado pela primeira vez, diferentemente de sua estratégia tradicional de unidades próprias. Para viabilizar esse crescimento, a companhia contratou o banco BTG Pactual para assessorar na busca por um novo sócio-investidor, visando acelerar o desenvolvimento da rede.
Estratégia de crescimento e entrada no mercado de franquias
Luiz Urquiza, CEO da Bodytech, explicou em entrevista ao GLOBO, que a nova estratégia visa preencher uma lacuna de mercado nas classes A e B, regiões que ainda estão pouco exploradas pela rede. “Vamos buscar uma expansão significativa, pois sempre nos concentramos em unidades próprias. A mudança para franquias é uma resposta ao crescimento acelerado do segmento de baixo preço, que ganhou espaço com a proliferação de redes regionais e modelos econômicos”, afirmou.
Foco no interior e diferenciadores de preço
Segundo Urquiza, a previsão é abrir unidades em cidades brasileiras com mais de 250 mil habitantes. O investimento por unidade será de aproximadamente R$ 6 milhões, com áreas entre 1.200 e 2.000 metros quadrados, privilegiando shoppings para facilitar o crescimento. O CEO destacou ainda que a postura visa competir na mesma faixa de preço do segmento de baixo custo, com pisos que variam de R$ 250 a R$ 350, enquanto o low-end pode cobrar entre R$ 120 e R$ 160.
“Nosso objetivo é preencher a lacuna deixada pelo crescimento do low-end, mantendo uma experiência premium”, explicou. A iniciativa também surge após o ambiente macroeconômico mais favorável, com expectativa de redução da taxa de juros, atualmente em 15% ao ano, o que deve ampliar a previsibilidade do ciclo de investimentos.
Perspectivas de crescimento e novos modelos de negócios
Com receita operacional prevista de R$ 600 milhões neste ano, uma alta de cerca de 7% em relação a 2024, a rede está ampliando suas frentes de renda, incluindo eventos e parcerias com outros segmentos, como Yoga e Pilates, que estão em alta devido ao envelhecimento da população. Atualmente, a companhia conta com 93 unidades e estima um crescimento no número de alunos de 10%, atingindo entre 160 mil e 170 mil inscritos até o final do ano.
Além da estratégia de expansão, a Bodytech também busca reforçar sua estrutura com um novo sócio na holding, considerando que uma transação primária relevante seria essencial para acelerar o crescimento das unidades próprias. O BTG Pactual, inclusive, atua como assessor nesta operação.
O papel dos agregadores e tendências do setor
Urquiza destacou que a presença de agregadores como Wellhub (Gympass) e TotalPass é praticamente obrigatória para academias hoje, dada sua capilaridade e potencial de captação de clientes em diversos municípios. Apesar de representar uma parcela da receita, entre 15% e 30%, a parceria com esses serviços é considerada fundamental para ampliar a base de clientes e gerar receita adicional.
“Negociar com agregadores não é simples, mas sua força deve ser reconhecida, pois eles oferecem acesso a públicos que dificilmente alcançaríamos de outra forma”, afirmou.
Tendências de inovação e experiência do cliente
A expansão da Bodytech também contempla, além do crescimento físico, mudanças no serviço oferecido. O CEO citou a realização de eventos, aulas temáticas ao ar livre, e tendências globais como o recovery e o uso de fisioterapia para mobilidade e recuperação de lesões. A experiência do cliente está cada vez mais diversificada, incluindo aulas de menor impacto, como yoga, Pilates e alongamento, garantindo atração para diferentes perfis.
Impacto esperado e objetivos futuros
Para 2025, a expectativa é de consolidar o crescimento, atingindo receita bruta de R$ 600 milhões, impulsionada pelo aumento do número de alunos e pela diversificação de serviços. “Queremos explorar o potencial da nossa marca em novos segmentos, além de fortalecer a presença no interior do país”, afirmou Urquiza.
O movimento reforça a importância de uma estratégia de crescimento sustentável, cautious e alinhada às tendências de mercado, com foco na experiência do cliente e na expansão da presença em diferentes frentes.