O bispo eleito de Quelimane e secretário da Conferência Episcopal Moçambicana, dom Osório Citora Afonso, expressa a alegria de toda a nação pelas palavras de proximidade de Leão XIV. Dom António Juliasse Ferreira Sandramo, bispo da diocese de Pemba, destacou que “o Pontífice fez compreender ao mundo que não existem guerras dignas de serem esquecidas, porque todo conflito fere a vida e ofende a dignidade da pessoa humana”.
O apelo pela paz em Cabo Delgado, em Moçambique, proferido por Leão XIV após o Angelus deste domingo (24/08), foi como um bálsamo refrescante espalhado sobre as feridas ainda abertas de um povo que, há quase dez anos, enfrenta episódios de violência cada vez mais cruéis e frequentes. “Convido todos vocês — disse o Pontífice dirigindo-se ao mundo inteiro — a rezar por eles e expresso a esperança de que os esforços dos responsáveis do país consigam restabelecer a segurança e a paz naquele território”.
O contrabalanço da dor com amor incondicional
As palavras do Papa ressoaram profundo entre a população moçambicana. Dom Osório Citora Afonso, ao responder por telefone às perguntas da mídia vaticana, mencionou que a mensagem do Pontífice trouxe um sentimento de ser amado por toda a Igreja universal. “Saber que no seu coração está a nossa dramática situação encheu de alegria toda a nação”, afirmou, enquanto se preparava para assumir sua nova diocese.
Não só Cabo Delgado: a extensão da violência
Dom Citora enfatiza a gravidade da situação. Os recentes ataques a diversos distritos, como Macomia, Chiúre e Muidumbe, resultaram em perdas de vidas e um grande número de deslocados. “Estima-se que pelo menos 8 mil pessoas tenham se deslocado após os últimos episódios de violência”, declarou. O quadro é alarmante e as consequências são devastadoras.
Aumento do número de deslocados: uma crise humanitária
Os dados mais recentes da Médicos Sem Fronteiras revelam que somente entre 20 de julho e 3 de agosto, 57 mil pessoas foram deslocadas na região de Cabo Delgado. O fluxo de pessoas fugindo da violência continua a aumentar. Dom Citora descreve a dura realidade enfrentada por esses deslocados: “Elas não têm mais nada. Caminharam a pé durante dias e dias e agora estão exaustas.”
A Igreja na linha de frente: socorro e esperança
A resposta à crise não vem apenas do governo. A Igreja local tem se mobilizado intensamente. Os jesuítas, por exemplo, enviaram uma equipe de missionários para apoiar os afetados, tanto material quanto psicologicamente. A Conferência Episcopal, representada por quatro bispos, também realizou uma missão para ouvir os relatos de dor do povo e implementar ações concretas como coleta de bens de primeira necessidade para distribuição entre os necessitados.
Vizinhança verdadeira: solidariedade em tempos de crise
Dom Citora também compartilha experiências de solidariedade em Nampula, onde famílias pobres acolhem outras que fugiram de Cabo Delgado. “Este é o sinal do amor verdadeiro, da verdadeira proximidade”, disse ele, ressaltando que em momentos de crise a compaixão se torna um elo fundamental entre os seres humanos.
O diálogo é o único caminho para a paz
O bispo de Pemba, Dom António Juliasse Ferreira Sandramo, reafirma a necessidade urgente de um diálogo sincero entre o governo e os insurgentes, além de um diálogo na sociedade civil para isolar os grupos criminosos. “É crucial criar condições de vida dignas para os jovens. Eles são frequentemente usados por aqueles que buscam dominar os recursos naturais do país”, concluiu.
A mensagem do Papa não apenas ecoa como um pedido de paz, mas também ressalta a necessidade de uma ação coletiva para enfrentar a crise humanitária em Moçambique. Conclui-se que somente através da solidariedade e do diálogo se poderá reconstruir a esperança para o povo moçambicano.
Saiba mais sobre o apelo do Papa Leão XIV e a situação em Moçambique neste link.