A Advocacia-Geral da União (AGU) deu um passo decisivo nesta semana ao solicitar à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar a proliferação de notícias falsas direcionadas ao Sistema Financeiro Nacional, com foco no Banco do Brasil (BB). O pedido surge após uma denúncia feita pela própria instituição financeira, que identificou uma série de publicações em redes sociais que poderiam incitar o pânico entre os correntistas e levar à retirada de fondos de suas contas.
A gravidade das alegações nas redes sociais
Nas redes sociais, perfis associados à direita começaram a aconselhar a venda de ações e a retirada de recursos do Banco do Brasil, sugerindo que a instituição estaria em risco de falência em consequência do não cumprimento das sanções estipuladas pela Lei Magnitsky. Essa legislação permite que países adotem medidas contra indivíduos considerados responsáveis por violações de direitos humanos. O Banco do Brasil, que desempenha um papel fundamental no pagamento da folha salarial de servidores públicos federais, incluindo os do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou-se alvo dessas alegações infundadas.
A AGU declarou que tais conteúdos são uma ameaça à estabilidade econômica do país, ressaltando que existem indícios de uma ação coordenada destinada a incutir medo na sociedade com a ideia de um colapso no sistema bancário. A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD) emitiu uma nota afirmando que a propagação desse tipo de informação pode provocar uma “corrida bancária”, resultando em graves prejuízos à economia nacional.
Implicações políticas e sociais
Além das repercussões financeiras, a AGU sustenta que há uma clara motivação política por trás das postagens, ligando o suposto risco à atuação do STF. Segundo o órgão, a intenção é influenciar a opinião pública de forma negativa em relação à Corte e pressionar suas atividades. Este fenômeno levanta questões sobre como as fake news podem intervir na dinâmica política do país, especialmente em um contexto onde o debate sobre a justiça e as instituições é cada vez mais acirrado.
Parlamentares envolvidos nas fake news
O ofício que acompanha o pedido da AGU inclui uma lista de perfis considerados responsáveis pela disseminação das notícias falsas. Dentre eles, destacam-se os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO). Gayer, em um de seus posts, declarou: “Tirem seu dinheiro dos bancos, Moraes vai quebrar o Brasil”, evidenciando a seriedade das informações falsas em circulação.
O Banco do Brasil apontou que desde o dia 19 de agosto, mensagens enganosas têm sido divulgadas, como um vídeo do deputado Eduardo Bolsonaro afirmando que o banco poderia “ser cortado das relações internacionais, o que o levará à falência”. Além de políticos, outros canais digitais, como o AuriVerde Brasil no YouTube, também foram citados na disseminação desse conteúdo.
Medidas e reações do Banco do Brasil
Em resposta a essa avalanche de desinformação, o Banco do Brasil afirmou que tomará todas as medidas legais necessárias para proteger sua imagem. Além disso, a instituição enfatizou que as informações que têm circulado são falsas e que esse tipo de mensagem pode prejudicar gravemente a saúde financeira de seus clientes, estimulando retiradas indevidas de depósitos.
Esta situação ressalta a importância de um ambiente informativo saudável, onde as informações são verificadas antes de serem compartilhadas, especialmente quando se trata de questões tão críticas como a estabilidade financeira e a confiança nas instituições. Enquanto a AGU e a Polícia Federal avançam nas investigações, a sociedade aguarda ansiosamente por um desfecho que possa proteger tanto a credibilidade das instituições quanto a segurança econômica dos cidadãos.
O desdobramento dessa investigação poderá ter consequências significativas não apenas para os envolvidos, mas também para a maneira como a desinformação é tratada em um país que enfrenta desafios políticos e econômicos complexos.