Brasil, 24 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Vazamento de conversas pressiona PL a reconsiderar anistia a Bolsonaro

Conversas vazadas entre Jair e Eduardo Bolsonaro aumentam a pressão sobre o PL para anistiar apenas condenados do 8 de Janeiro.

O vazamento de conversas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) elevou a pressão política sobre o Partido Liberal (PL) para que a oposição aceite uma anistia mais restrita, que beneficiaria somente os envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, distantes da posição que favorecia o ex-chefe do Executivo.

Indiciamento por coação e choque político

A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo por coação no contexto da ação penal que investiga tentativas de golpe de Estado. Eduardo, que se encontra nos Estados Unidos desde março, está articulando possíveis sanções contra autoridades brasileiras, com foco no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que preside a ação penal.

No relatório da PF, mensagens entre Bolsonaro, Eduardo e o pastor Silas Malafaia foram reveladas. Em uma mensagem enviada em 7 de julho, Eduardo expressa preocupações sobre o futuro político de seu pai, afirmando que se uma “anistia light” for aprovada, o governo de Donald Trump não apoiaria mais Jair Bolsonaro, impactando diretamente suas possibilidades de proteção internacional.

“Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia ou enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num [regime] semiaberto,” afirmou Eduardo.

A pressão pela anistia light

Esse cenário, conforme Eduardo, deixa Jair Bolsonaro sem “amparo dos EUA”, algo que foi conquistado “a duras penas”. Além disso, o parlamentar ressaltou que o ex-presidente estaria condenado até o fim de agosto, em alusão ao julgamento da acusação de golpe, que está agendado para o início de setembro. Na época das mensagens, Trump chamou as investigações de “caça às bruxas” e uma “desgraça internacional”. Este cenário político pode facilitar negociiações em torno da “anistia light”, que, embora encabeçadas pelo centrão, não incluiria Bolsonaro.

A interação entre Eduardo e Jair pode forçar o PL a tomar uma posição crucial: continuar defendendo uma anistia ampla que favoreça Bolsonaro ou reformular sua posição para manter a relevância política do partido. Alguns líderes acreditam que a movimentação pode levar o PL a perder controle sobre a pauta política.

“Os áudios colocaram o partido em uma posição muito ruim publicamente. Ficou explícito que o Bolsonaro não está interessado em anistiar as pessoas que foram presas sem se livrar junto,” analisou um líder partidário.

Consequências das revelações para o PL

Diante desse cenário, surge uma oportunidade para outros partidos apresentarem um texto de consenso sobre a anistia que poderia tirar essa responsabilidade do PL. Um cacique partidário, em um raro reconhecimento ao Supremo Tribunal Federal, citou a afirmativa do presidente da Corte, Roberto Barroso, que declarou que “anistia antes do julgamento é uma impossibilidade.”

Os integrantes do PL, por sua vez, manifestaram preocupações com a mudança de clima político desencadeada pelas declarações de Eduardo. Um dos membros com grande influência dentro do partido afirmou que essas revelações prejudicam a tramitação da anistia como um todo e desestabilizam os esforços da legenda.

A defesa da anistia irrestrita

Apesar da pressão interna, o PL continua defendendo publicamente uma anistia “ampla e irrestrita” que contemple Bolsonaro. Essa posição se fortaleceu após a prisão domiciliar do ex-presidente e em resposta às demandas da oposição pelo “pacote da paz”, que surgiu em meio aos tumultos nos plenários da Câmara e do Senado.

Além disso, Eduardo Bolsonaro tem pressionado publicamente o PL a adotar a anistia como a única solução viável para evitar as sanções impostas por Trump e ataca aliados que tentam negociar com os Estados Unidos sobre o tema. Contudo, muitos na alta cúpula do partido reconhecem que, se a inclusão de Bolsonaro for levada ao colégio de líderes ou ao plenário da Câmara, provavelmente será rejeitada. Assim, o PL continua a enfrentar um dilema político significativo, que pode alterar o rumo de suas estratégias futuras sob a pressão dessas recentes revelações.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes