A Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) planejam iniciar neste domingo (24) a avaliação pré-operacional (APO) no bloco marítimo FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. A iniciativa é uma etapa essencial para obter a licença de exploração de petróleo na região.
Avanço na exploração na Margem Equatorial
A APO é uma simulação de emergência que verifica a efetividade do plano de resposta a acidentes, requisito final para a liberação da licença ambiental. Após meses de negociações entre Petrobras e o órgão ambiental, a avaliação foi agendada, com o objetivo de garantir a capacidade de resposta em caso de incidentes, como derramamento de óleo.
A região, considerada uma nova fronteira de exploração de petróleo, apresenta potencial elevado de produção. Contudo, sua proximidade a ecossistemas sensíveis gera preocupação entre ambientalistas e comunidades locais. O bloco FZA-M-59 está localizado em águas profundas, a 175 km da costa de Oiapoque, no Amapá.
Desde a noite de 18 de dezembro, a sonda NS-42 está posicionada no poço Morpho 1-APS-57 para perfuração, aguardando autorização para iniciar as atividades. Diversos equipamentos também serão acionados na simulação, que deve durar de três a quatro dias, dependendo das condições.
Preparação e estrutura do simulado
Durante a APO, serão realizados testes práticos para avaliar a capacidade de resposta do plano de emergência da Petrobras, incluindo o uso de equipamentos, agilidade na intervenção e comunicação com autoridades e partes interessadas.
Segundo a Petrobras, mais de 400 profissionais participarão do exercício, envolvendo médicos veterinários, biólogos e outros especialistas em fauna marinha. A estrutura inclui centros de reabilitação de animais marinhos, além de recursos aéreos para resgate aeromédico e monitoramento ambiental. Como exemplo, a Petrobras mantém o Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna em Belém (PA), preparado para atender possíveis acidentes.
Importância da região e desafios atuais
A Margem Equatorial tem sido destacada como uma área promissora para a exploração de petróleo e gás devido às recentes descobertas de hidrocarbonetos nas áreas próximas à costa da Guiana, Guiana Francesa e Suriname. A extensão da região brasileira vai do Rio Grande do Norte ao Amapá.
Embora a Petrobras tenha poços na região, a licença para perfuração na Margem Equatorial ainda é restrita, com autorizações apenas para áreas da costa do Rio Grande do Norte. Em maio de 2023, o Ibama negou licenças para outros setores, como a Bacia da Foz do Amazonas, o que gerou pedidos de reconsideração por parte da estatal.
Setores do governo, incluindo o Ministério de Minas e Energia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiam a liberação para avançar na exploração. A expectativa é que a operação possa gerar economia de milhões de reais diários para a Petrobras, além de contribuir para a autonomia na produção de petróleo na próxima década.
Controvérsia e preocupações ambientais
Por outro lado, a exploração na região é contestada por ambientalistas, que alertam sobre os riscos de impactos ambientais e ressaltam a contradição da atividade frente à transição energética. Eles defendem a realização de mais pesquisas na área, reforçando a necessidade de fontes renováveis de energia.
Durante manifestações recentes, ativistas protestaram contra a exploração de petróleo na região, destacando a crise climática e a importância de reduzir a dependência de combustíveis fósseis. A questão permanece em debate, equilibrando interesses econômicos e ambientais na estratégia energética do país.
Segundo a própria Petrobras, a realização deste procedimento de avaliação é fundamental para garantir a segurança na eventual produção de petróleo na região, cujo potencial estratégico é reconhecido internacionalmente.