A semana foi marcada por uma crise no círculo íntimo de Jair Bolsonaro e pelo fortalecimento de Luiz Inácio Lula da Silva, que melhorou sua avaliação junto ao eleitorado, segundo pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta semana. Os números mostram que, pela primeira vez, Bolsonaro não é mais o candidato mais competitivo do seu campo político, sinalizando dificuldades crescentes para o ex-presidente na corrida presidencial de 2026.
Bolsonaro perde força e fica atrás de governadores na preferência eleitoral
De acordo com o cientista político Felipe Nunes, responsável por testes eleitorais há cinco rodadas, Jair Bolsonaro tem agora menos intenção de votos do que os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Jr., do Paraná. Mesmo sendo o candidato mais conhecido da direita, Bolsonaro ficou 12 pontos atrás de Lula em um eventual segundo turno. Tarcísio registra oito pontos de vantagem, enquanto Ratinho aparece dez pontos abaixo do ex-presidente.
Impacto do conflito com o governo americano e da crise no círculo íntimo do ex-presidente
Um episódio que ilustra a instabilidade da situação de Bolsonaro foi a aposta frustrada de pressionar o Brasil a recuar na ação penal que será julgada em breve. Segundo fontes próximas, a estratégia de fazer a economia sangrar para forçar o Judiciário não surtiu o efeito esperado. As provas de coação no processo e o indiciamento recente demonstraram o fracasso dessa manobra.
Além disso, diálogos obtidos pelo jornal revelam uma relação tensa entre Bolsonaro e seu filho Eduardo, que tenta influenciar as negociações com o governo americano para manter o tarifaço — política econômica que tem causado prejuízos às empresas e perdas de empregos no Brasil. Tarcísio de Freitas, aliado próximo a Bolsonaro, tentou minimizar a divulgação dessas conversas, alegando que são de interesse privado, embora os especialistas considerem que elasenvolvem questões de interesse público.
Dados econômicos e cenário político para 2026
A conjuntura econômica, especialmente a inflação de alimentos, tem sido um fator decisivo na avaliação dos brasileiros sobre o governo de Lula. Dados da Quaest indicam que a aprovação do presidente melhora quando há deflação na alimentação no domicílio, embora essa redução possa ser sazonal e não necessariamente refletir uma gestão eficiente.
O cenário para 2026 apresenta desafios para ambos os lados: Lula enfrenta dificuldades para governar em meio a uma crise, enquanto a direita busca se manter próxima do bolsonarismo para preservar seus votos, mesmo que isso signifique carregar a rejeição crescente ao ex-presidente. Os candidatos da direita continuam próximos ao seu legado, mesmo com sua rejeição elevadíssima, não condenando de maneira explícita a tentativa de golpe de Estado liderada por Bolsonaro.
Perspectivas para o próximo período eleitoral
Com a aproximação do pleito de 2026, a tendência é que o cenário político continue tumultuado, com os desafios de gestão de Lula e os riscos de uma continuidade do bolsonarismo tóxico para a direita. A polarização e os conflitos internos tendem a acirrar o ritmo da campanha, com as disputas de votos e rejeições se intensificando.
Para mais detalhes sobre as análises da atual conjuntura, acesse a coluna de Miriam Leitão.