O Brasil se despediu de um de seus maiores ícones do humor gráfico com a morte de Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido simplesmente como Jaguar, que faleceu aos 93 anos no último domingo (24), no Rio de Janeiro. O cartunista, um dos fundadores do renomado jornal satírico O Pasquim, estava internado desde há três semanas devido a complicações causadas por pneumonia. A notícia foi confirmada por familiares e repercutiu fortemente entre amigos, admiradores e colegas de profissão.
A repercussão da perda
A morte de Jaguar provocou uma onda de homenagens nas redes sociais e entre os artistas, com muitos expressando seu pesar pela perda irreparável. O cartunista Chico Caruso, que havia visitado Jaguar no hospital, destacou que “Jaguar é o melhor cartunista brasileiro, meu amigo, querido, e é uma perda irreparável do humor para o Brasil.” Caruso também enfatizou que o colega será lembrado como “o eterno Jaguar”, um profissional admirável e de talento inigualável.
Outro nome do humor brasileiro, o chargista Renato Aroeira, não poupou elogios ao mestre: “Jaguar foi mestre, professor, inspiração, gênio, um dos maiores chargistas que eu já vi no planeta. Incansável, trabalhou até o último minuto, sempre crítico, feroz e amado por gerações.” A reverência que seus pares expressam evidencia a grandeza de sua contribuição para a arte de fazer rir e para a crítica social no Brasil.
Trajetória e legado
Jaguar deu início à sua carreira aos 20 anos, na revista Manchete. Ao lado de grandes nomes como Ziraldo, Millôr Fernandes e Henfil, foi um dos criadores do Pasquim, em 1969, um marco da resistência ao regime militar. Esse periódico se tornou um símbolo da luta pela liberdade de expressão e, através de suas tiradas afiadas, Jaguar ajudou a moldar a forma como o humor e a crítica política eram apresentados ao público.
Além de O Pasquim, Jaguar colaborou com diversas revistas e jornais ao longo de sua carreira, incluindo Senhor, Civilização Brasileira, Pif-Paf e Tribuna da Imprensa. Ele também deixou sua marca na televisão, com animações que se tornaram sinônimo das vinhetas do “Plim Plim”, da TV Globo. Entre suas obras literárias, destacam-se títulos como “Átila, você é bárbaro” (1968) e “Ipanema, se não me falha a memória” (2001), que demonstram não apenas seu talento para o humor, mas também a profundidade de sua análise social.
A importância do humor na sociedade
O trabalho de Jaguar transcende a simples caricatura; ele utilizava sua arte para criticar o que havia de errado na sociedade, sempre com uma pitada de ironia e sagacidade. A habilidade dele de apontar problemas sociais através do humor fez com que muitos brasileiros se identificassem com suas obras, tornando-o uma figura essencial na cultura e na história do país. A expressão de dor e tristeza por sua morte reflete não apenas o luto de seus amigos e admiradores, mas também uma consciência coletiva sobre a importância do humor como forma de resistência e reflexão crítica.
Por enquanto, não há informações divulgadas sobre velório ou enterro, mas a certeza é que Jaguar deixa um legado imortal no coração dos brasileiros, que continuarão a enxergar e valorizar a crítica social e o humor como ferramentas essenciais na construção de uma sociedade mais justa e consciente.
Com sua partida, o Brasil perde um verdadeiro artista, mas seu legado continuará a inspirar gerações de cartunistas, chargistas e todos aqueles que acreditam no poder transformador do riso.