Los Angeles – A imagem de agentes federais mascarados e equipados taticamente invadindo Home Depots na Califórnia do Sul está forçando trabalhadores diurnos indocumentados a avaliar se vale a pena arriscar um ganho necessário em meio à possibilidade de prisão ou deportação. As operações recentes, que resultaram na detenção de trabalhadores em North Hollywood e Alhambra, são parte da intensificação da repressão à imigração durante a administração Trump.
A rotina arriscada dos trabalhadores diurnos
Os trabalhadores diurnos, que dependem de um emprego diário para sustentar suas famílias, agora enfrentam uma realidade assustadora. Muitas vezes, eles se reúnem em estacionamentos de lojas, esperando por uma oportunidade de trabalho que possa garantir a renda necessária para cobrir as despesas diárias. Contudo, a sombra constante da imigração impede muitos de dormir, uma vez que assistem amigos e familiares sendo levados pelos agentes de imigração.
Arturo, um trabalhador diurno que reside em Los Angeles, retrata a difícil situação ao dizer: “O que você pode fazer? Neste país, você não pode ficar em casa. Você precisa de dinheiro para os filhos, contas, aluguel, comida.” Apesar do medo, Arturo e outros trabalhadores não podem parar de trabalhar, pois isso significaria piorar ainda mais suas condições financeiras.
Tragédia recente marca a comunidade
A tensão aumentou após a morte de Roberto Carlos Montoya Valdez, um trabalhador guatemalteco que, ao fugir de uma operação de imigração em um estacionamento da Home Depot em Monrovia, foi atropelado ao correr para uma rodovia. Esse trágico incidente gerou protestos e questionamentos sobre a abordagem de deportação a trabalhadores imigrantes, que são frequentemente vistos como indivíduos que buscam uma vida melhor para suas famílias.
“Ele veio aqui para trabalhar duro. Meu tio não era um criminoso,” disse Mariela Mendez, sobrinha de Montoya, durante uma vigília em sua memória. O Departamento de Segurança Interna afirmou que Montoya não estava sendo perseguido por agentes no momento de sua morte, mas as comunidades de imigrantes se manifestam contra o que consideram uma perseguição injustificada.
A resposta da comunidade e dos organizadores
Em meio à pressão, membros da National Day Laborers Organizing Network, liderados pela organizadora Nancy Meza, têm trabalhado incansavelmente para proteger os direitos dos trabalhadores diurnos. Com voluntários patrulhando estacionamentos e alertando sobre atividades de imigração, eles tentam garantir um mínimo de segurança para aqueles que dependem do trabalho diário.
“Sentir que se ficarmos em casa por medo, a situação só piora nos deixa ansiosos e impotentes”, afirmou Meza. A determinação dos trabalhadores é evidente, pois muitos deles preferem continuar em busca de trabalho, mesmo diante das ameaças constantes.
A luta diária pela sobrevivência
A realidade econômica na Califórnia do Sul, exacerbada por incêndios florestais e o aumento do custo dos materiais de construção, deixou muitos trabalhadores diurnos em uma situação ainda mais precária. Felipe, outro trabalhador que frequenta Home Depot, refere-se ao passado, quando ele podia escolher entre diferentes empregos. Agora, ele é grato por conseguir alguns trabalhos nas poucas horas que ainda sobram.
“Graças a Deus eu não estava aqui quando pegaram o Carlos,” disse Felipe, referindo-se ao seu amigo falecido. A luta dele e de muitos outros trabalhadores é não apenas por sustento, mas também por dignidade e um futuro melhor para suas famílias.
Arturo, que trabalhou nos EUA por 25 anos, lamenta não ter aprendido inglês ou tentado a cidadania devido ao tempo e custo envolvidos. Ele pretende que seus filhos tenham um futuro melhor e se esforça para garantir a educação deles. “Você só pode trabalhar para sobreviver,” ele conclui, reforçando que, independentemente das circunstâncias, as pessoas seguirão em frente em busca de sustento.
Considerações finais
As operações de imigração em lugares como Home Depot não apenas refletem uma política mais rigorosa, mas também desenham um panorama sombrio para muitos trabalhadores indocumentados que já enfrentam enormes dificuldades em suas vidas diárias. A busca por segurança econômica e a luta contra o medo da deportação continuam a ser uma luta diária para muitos, em uma sociedade que frequentemente os marginaliza.