A recente derrota do governo na instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS gerou grande preocupação no Palácio do Planalto. Com um impacto significativo nas articulações políticas, a administração Lula empieza a reorganizar suas táticas para evitar que a CPI se transforme em um palco favorável à oposição, aumentando a pressão sobre sua gestão. A estratégia inclui uma “tropa de choque” para garantir que os votos governistas sejam mantidos e que as fraudes associadas à previdência não sejam vinculadas ao atual governo.
Nova estratégia do governo
A derrota em votar na presidência e relatoria da comissão provocou um frenesi no governo. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi designado para coordenar os esforços da base governista na CPI e já tem se reunido com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. A agenda do Planalto, a partir desse revés, envolveu uma série de reuniões de alinhamento para reforçar a articulação política e evitar mais derrotas.
Um dos aspectos mais delicados do momento é o número de aliados na comissão. O governo conta atualmente com 16 ou 17 dos 32 integrantes, uma margem que, apesar de garantir uma maioria, torna a situação vulnerável a novas passagens adversas no decorrer dos trabalhos. Além disso, a convocação do Frei Chico, irmão do presidente Lula, está em debate, já que ele possui vínculos com uma das entidades citadas em relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) acerca de supostas fraudes. Embora o sindicato em questão negue irregularidades, a pressão por sua convocação aumenta.
Pressiana da oposição e reação do governo
O deputado federal Rogério Côrrea (PT-MG), membro da comissão, afirmou que a oposição usa essa estratégia como uma forma de desgastar o governo. Para o Planalto, é imperativo evitar que isso se concretize. O governo também planeja convocar ex-ministros do governo Bolsonaro, como José Carlos Oliveira e Onyx Lorenzoni, como parte de um esforço para devolver o foco das fraudes à administração anterior.
Além disso, o governo pretende propor uma linha do tempo sobre as fraudes do INSS, associando-as prioritariamente à gestão de Jair Bolsonaro. Para isso, os parlamentares desejam auditar desde o início das irregularidades até a sua ampliação na gestão atual, defendendo a ideia de que o atual governo trabalha para eliminar essas práticas, como demonstrou com ações de correção na relação com aposentados e pensionistas.
Táticas para atuação no colegiado
Por conta da derrota inicial, o governo se vê obrigado a redobrar seus esforços em termos de comunicação e articulação política. Gleisi Hoffmann reconheceu falhas nesse aspecto e convocou líderes partidários para discutir formas de evitar mais surpresas. Um dos pontos abordados foi a reforma de suplentes com a inserção de parlamentares mais leais, de modo a diminuir as chances de faltas e aumentar a eficácia nas votações.
Os membros da base, por sua vez, expressaram que o governo não deveria ter subestimado a articulação da oposição, especialmente considerando a forma como a CPI foi instalada. A falta de interação do Palácio do Planalto durante esse processo foi citada como um dos fatores que contribuíram para a fraqueza inicial na CPI.
Com um cenário político em constante evolução, é essencial que o governo compreenda a importância de levar a sério as ações da oposição e a necessidade de criar uma estratégia mais robusta para lidar com a CPI do INSS, a fim de que o desgaste político seja minimizado e a governabilidade não seja comprometida.